‘Agradeço por não terem tirado vida do meu filho’, diz mãe de tatuado na testa

    O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis e o pedreiro Ronildo Moreira de Araújo continuam aguardando o julgamento presos, sob a acusação de lesão corporal

    Imagens divulgadas em junho pela clínica Grand House

    “Que Deus abençoe os dois [acusados do crime] porque eu já perdoei eles. Muito obrigada por não terem tirado a vida do meu filho”. Esse é o sentimento da auxiliar de limpeza Vânia Rocha, mãe do adolescente de 17 anos, que teve a testa tatuada com a frase “eu sou ladrão e vacilão” no dia 31 de maio deste ano, em uma casa em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

    O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis e o pedreiro Ronildo Moreira de Araújo continuam presos, sob a acusação de lesão corporal grave, aguardando julgamento, que deve ocorrer em breve. A tatuagem foi feita, de acordo com os acusados, após a dupla flagrar o adolescente tentado furtar a bicicleta de um deficiente físico. A vítima, no entanto, nega a acusação.

    À Ponte Jornalismo, Vânia diz que seu filho está muito bem na clínica Grand House, em que recebe tratamento contra a dependência química, no município de Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo. O atendimento, gratuito, que deve durar seis meses, foi ofertado após o caso de tortura a que foi submetido repercutir pelo país.

    “Ele está se recuperando dos vícios, não é fácil, mas com fé em Deus já deu tudo certo. A tatuagem está sendo removida em uma sessão por mês”, conta. Segundo a direção da clínica em que o menino está internado, duas sessões já foram realizadas e uma terceira está programa para ocorrer ainda neste mês.

    Além de a tatuagem estar desaparecendo da testa de seu filho gradualmente, outra situação que surpreendeu Vânia é a agilidade do processo perante a Justiça. “Foi muito rápido. O julgamento está previsto para setembro. A Justiça agiu muito rápido, não tenho o que questionar por enquanto dela”, afirma.

    A última visita realizada ao filho ocorreu no domingo passado (6/8). As visitas, segundo a mãe, seguem um cronograma que faz com que ela veja o menino no máximo duas vezes por mês. “Quando me vê, me diz que me ama, que sente saudades de mim, dos irmãos, da avó e do tio”, diz.

    O jovem de 17 anos tem cinco irmãos, com idades entre 16 e 4 anos. Vânia finaliza a entrevista dizendo estar desempregada e que procura uma nova oportunidade para sustentar seus filhos.

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