Dezenas de pessoas se reuniram em Santo André (ABC) e Goiânia em protestos antirracista e em memória de homem negro morto por seguranças brancos de supermercado de Porto Alegre (RS)
Dezenas de pessoas de movimentos negros se reuniram na tarde deste sábado (21/11) para protestar em frente ao Carrefour do Oratório, na cidade de Santo André, no ABC Paulista. O ato acontece um dia depois de milhares de pessoas irem às ruas manifestar em memória de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos.
Beto, como era conhecido, foi espancado até a morte por seguranças de uma unidade do Carrefour de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite da última quinta-feira (19/11).
“Beto somos todos nós. Somos perseguidos todos os dias. O Carrefour é só um exemplo. Se eles fossem sérios, hoje estariam fechados em luto, mas estão aí em pleno funcionamento”, disse o MC Enéas Enezimo, de 46 anos, integrante de A Banca X, que participou do ato.
O protesto começou por volta das 15h, com a concentração em frente a entrada do supermercado na avenida dos Estados. Cerca de uma hora depois, os manifestantes caminharam pela lateral do mercado, até chegar à entrada principal da unidade, na rua do Oratório.
Leia também: Carrefour, Extra, Koch e Ricoy: 3 homens negros mortos e 2 torturados desde 2019
Antes da chegada dos manifestantes, funcionários do supermercado fecharam o portão de entrada de carros e pedestres, e limitaram o acesso à loja. Segundo organizadores do ato, esse era o objetivo da manifestação.
“A intenção era justamente essa, fazer eles fecharem a porta. Hoje, lá dentro, eles estão com medo de nós, mas não chega nem perto do medo que a gente sente deles, de acontecer o mesmo que aconteceu com Beto”, disse o estudante de psicologia Ricardo de Paula, de 45 anos.
Quando chegaram em frente ao portão principal do supermercado, membros de movimentos negros discursaram, alguns recitaram poesias, e exaltaram nomes como de Zumbi dos Palmares, Nelson Mandela e Marielle Franco.
Também foi lembrado o caso do adolescente chicoteado por funcionários do Ricoy da Vila Joaniza, na zona sul da cidade de São Paulo, em julho do ano passado. “Não é a primeira vez que acontece e não será a última. Se o povo preto não estiver organizado, vai acontecer o tempo todo”, disse Edson Luiz, de 41 anos, do Coletivo Negro do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), logo após citar o jovem chicoteado.
Para o publicitário José Carlos Rodrigues Júnior, de 30 anos, integrante do Levante Vidas Negras Importam do ABC, “esse ato mostra que a cidade [de Santo André] ainda resiste, e mostra que os racistas não passarão, não vão nos matar”.
Integrante do mesmo movimento, a estudante Thaysse Oliveira, de 17 anos, acredita que a mobilização tem ganhado força desde a morte de George Floyd, homem negro estrangulado por um policial branco em 25 de maio deste ano, em Mineápolis, nos Estados Unidos.
Protesto em Goiânia
Neste sábado, também foi registrado um ato em frente a uma unidade do Carrefour na capital de Goiás, Goiânia. Manifestantes ficaram em frente ao supermercado das 10h até pouco depois das 13h.
A exemplo do que ocorreu em Santo André, funcionários do Carrefour fecharam a entrada do supermercado antes do início do ato e durante a concentração. Manifestantes afirmam que não houve nenhum problema registrado.
Manifestação de Hamilton
O heptacampeão de Fórmula 1 e vencedor do mundial deste ano, Lewis Hamilton, também usou o Instagram para comentar a morte de João Alberto.
Hamilton compartilhou na ferramenta story uma publicação da rede britânica BBC News sobre os protestos em memória de João Alberto, e escreveu que está devastado com a notícia de mais uma vida negra perdida. Na mesma publicação, o piloto disse que manda pensamentos positivos e orações para o Brasil
Posicionamento do Carrefour
Na noite deste sábado, o Carrefour Brasil publicou um comunicado em vídeo com o CEO da empresa, Noel Prioux, e o vice-presidente de recursos humanos, João Senise. Assista: