Segundo testemunhas, PMs da Força Tática agrediram e detiveram ilegalmente um rapaz que correu ao ver a viatura, além de invadir casa sem mandado
A ouvidoria das polícias de São Paulo instaurou procedimento para apurar a ação de PMs da Força Tática realizada nesta terça-feira (7/3), na Favela do Moinho, centro da cidade de São Paulo, após denúncia feita pela Ponte. Testemunhas relataram à reportagem a invasão de uma casa, revirada pelos policiais, e a agressão a um rapaz que correu ao ver a viatura.
Ouvidor nomeado em fevereiro deste ano, Benedito Domingos Mariano enviará ofício às corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil. “Vou acompanhar este caso a partir de hoje”, disse Mariano à Ponte nesta quarta-feira (7/3).
Duas viaturas da Força Tática entraram na Favela do Moinho, às 9h de terça, e Tiago (nome fictício pra proteger a identidade da fonte) correu pra casa de sua tia. Lá, segundo as testemunhas, os policiais entraram no barraco chutando a porta, reviraram o local em busca de drogas e agrediram o rapaz com coronhadas na cabeça, socos nas costelas e golpes com barra de ferro, já no caminho para a viatura.
“Sei que os policiais forjam gente aqui toda hora. No ano passado, um cara morreu e, por ter um antecedente, preferi não pagar pra ver”, resumiu o rapaz. Ele responde, em liberdade, pela acusação de tráfico de drogas e por isso é obrigado a comparecer mensalmente no Fórum Criminal da Barra Funda. Diz que policiais militares o prenderam no ano passado e teriam forjado a acusação, colocando 30 gramas de maconha com ele.
Os PMs levaram Tiago para o 2ºDP (Bom Retirno) e, posteriormente, ao 77º DP (Santa Cecília). Lá, não relatou as agressões ao delegado, de acordo com sua fala, pois os policiais militares que o agrediram estavam na mesma sala. Segundo o delegado, o rapaz “caiu” ao correr dos policiais, por isso o ferimento no cotovelo.
Especialistas ouvidos pela Ponte criticaram a ação, conforme relato das testemunhas. Apontam como ilegal a entrada na casa e sua vistoria em busca de drogas sem um mandado, bem como as agressões. “Este tipo de policial deve ser extirpado das colunas da Polícia Militar, não é comportamento de policiais, é de uma quadrilha fardada, de uma milícia”, criticou o advogado criminalista Paulo Tamer, do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), sobre policiais agressores.