Investigação do MP identificou grupo que comandava a facção dentro de penitenciária paulista enquanto Marcola e seus aliados estavam incomunicáveis
Sete integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) estão isolados depois que o MP (Ministério Público) apontou que eles ocupavam a liderança temporária da facção criminosa. O grupo teria determinado ações do crime organizado enquanto os comandantes de fato estavam incomunicáveis no chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) em Presidente Venceslau 2, no interior do estado de São Paulo.
Segundo o MP, os integrantes fazem parte de uma espécie de segundo escalão do Comando. Eles têm confiança dos líderes para atuarem interinamente na Sintonia Final – formada pelos cabeças da organização criminosa, que tem Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, como líder máximo, ainda de acordo com o órgão.
Os 7 comandavam o tráfico de drogas, envio de armas e organizavam conflitos com grupos rivais em todo o país estando presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, cidade a 620 quilômetros da capital São Paulo. As ordens eram dadas por meio de bilhetes.
A investigação sustenta que este mesmo grupo determinava estratégias de expansão do PCC nas cinco regiões do país e também em países vizinhos através da Sintonia dos Estados e Países.
Este grupo agia enquanto Marcola e os demais chefes estavam internados no RDD totalmente isolados dos demais presos. O sistema tem comunicação restrita e acompanhamento 24h por câmeras.
O MP usou mensagens interceptadas em um esgoto da P2 de Venceslau na investigação denominada Echelon, com recados dados entre março e dezembro de 2017. Através da denúncia, os responsáveis pelo trabalho pediram a internação cautelar dos líderes temporários por 90 dias no RDD.
Após o fim deste prazo, a intenção dos investigadores é que os denunciados permaneçam mais 9 meses no isolamento, conforme solicitação feita à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária). Se a solicitação for aceita, o grupo completará um ano no RDD.
Formavam a liderança temporária do PCC Cláudio Barbará da Silva, o Pejota; Almir Rodrigues Ferreira, o Simioni; Rogério Araújo Taschini, o Rogerinho; Reginaldo do Nascimento, o Jatobá; Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden; José de Arimatéria Pereira Faria Carvalho, o Pequeno; e Cristiano Dias Gangi, o Crisão.
De acordo com a denúncia do MP paulista, exames grafotécnicos identificaram a letra nas cartas como sendo de autoria dos 7 membros. As conversam apontam para um total de 30 mil pessoas ligadas à facção em todo o Brasil.
Após o período com a Sintonia Final interina, Marcola e os demais líderes deixaram o RDD em dezembro de 2017, pouco após a execução de Edílson Borges Nogueira, o Birosca, durante banho de sol na P2. Em fevereiro deste ano, uma emboscada no Ceará terminou com dois líderes mortos: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.
À Ponte, um dos investigadores da atuação da facção informou que os assassinatos de Gegê do Mangue e Paca geraram insatisfação das ruas com Marcola. Segundo ele, a reação se deve pelas hipóteses para o crime: caso o líder máximo do PCC tenha “decretado” (mandado executar) a dupla ou então perdoado os verdadeiros mandantes.