Após reportagem da Ponte, Sabesp inicia obra no Jardim Elizabeth, periferia de SP

    Moradores estavam há 5 dias sem água durante pandemia da Covid-19; companhia iniciou obra para restabelecer água para mais de 300 famílias

    Sabesp iniciou obra emergencial após reportagem denunciando falta de água na periferia da zona leste da cidade de SP | Foto: Reprodução/Associação de Moradores do Jardim Elizabeth

    A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa de economia mista que tem como maior acionista o governo João Doria (PSDB), iniciou uma obra de emergência no Jardim Elizabeth II, bairro periférico da zona leste da cidade de São Paulo, na noite desta quarta-feira (22/4).

    A obra, que deveria ter começado em janeiro, foi iniciada após reportagem da Ponte com a denúncia de que 300 famílias estavam sem água há mais de 5 dias. A promessa da Sabesp é que todas as ruas do bairro serão incluídas na rede provisória, que facilitará o abastecimento de água na região.

    Sabesp apresentou documento apontando que todas as ruas do bairro serão atendidas | Foto: Reprodução/Associação de Moradores do Jardim Elizabeth

    Segundo a companhia, as obras devem ser concluídas em 2 meses e fazem parte do Programa Água Legal, que leva estrutura de abastecimento a habitantes de áreas irregulares (após obtenção das autorizações legais necessárias). Tudo será feito em parceria com a Prefeitura.

    Além disso, por conta da pandemia, a Sabesp instalou na quarta-feira (22/4) um reservatório de 5 mil litros de água para a utilização emergencial.

    “Até agora a água não voltou, mas eles estão trabalhando o dia inteiro. Eles informaram que a água vai chegar em todas as casas com essa rede de abastecimento, até as casas que ficam na parte de cima”, informou à reportagem, nesta quinta-feira (23/4), o assistente jurídico Douglas Alves Mendes, 43 anos, morador e integrante da Associação de Moradores do Jardim Elizabeth II.

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    O Jardim Elizabeth, contam os moradores, existe há oito anos e é um terreno de ocupação que está em fase de regularização. Para a luz e a água chegaram ao local, os moradores tiveram que brigar com o poder público. O problema da falta de água é antigo, mas, segundo relatos, piorou desde o começo do ano.

    A zona leste é a região mais afetada pela pandemia do coronavírus, com 499 óbitos (suspeitos e confirmados), de acordo com levantamento da Secretaria Municipal da Saúde e da Prefeitura da cidade de São Paulo, a partir dos dados mais recentes divulgados no último dia 16.

    A Ponte recebeu diversos vídeos contando como tem sido o dia a dia sem abastecimento durante a crise da Covid-19, sem água para lavar as mãos ou para beber.

    A cada dois dias, a dona de casa Laís Guimarães, 31 anos, precisa sair de casa com três galões para buscar água na casa da sua mãe, que mora em São Bernardo, no ABC Paulista, a oito quilômetros de distância. Ela já está sem água há cinco dias.

    Leia também: ‘Como lavar as mãos sem água?’, perguntam 300 famílias na periferia de SP

    “A gente tá sofrendo muito com a falta de água, agora na pandemia piorou muito. Eu tenho um bebê de 1 ano e dois meses, então preciso de água para tudo”, conta.

    “Eu tenho carro, mas e quem não tem gente próxima? Fica mais difícil ainda. Não estamos pedindo nada demais, só que a Sabesp faça o mínimo e nos forneça água potável. É muito difícil, tem horas que dá muito desespero, não tem água nem para fazer comida”, desabafa Laís.

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