Ato no centro da capital reuniu pessoas de diferentes nacionalidades e movimentos sociais em solidariedade ao povo palestino neste domingo (22/10)
Libaneses, iraquianos, sírios, turcos. Essas são algumas nacionalidades de manifestantes e descendentes que se reuniram neste domingo (22/10) em solidariedade à causa palestina na Praça Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, no centro da cidade de São Paulo.
A comunidade árabe e movimentos sociais empunhavam bandeiras da Palestina, faixas e cartazes com frases e imagens de corpos de vítimas, sobretudo crianças, a fim de denunciar os ataques do governo israelense e pedir cessar-fogo na Faixa de Gaza.
“O Brasil foi construído pelo genocídio e é isso que acontece na Palestina”, declarou Rawa Alsegheer, 27, integrante da Frente em Defesa do Povo Palestino e da Samidoun Brasil – Rede de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos.
Ela, que é refugiada e mora há oito anos no Brasil, critica a atuação do governo brasileiro, especialmente as gestões sob o presidente Lula (PT), que estreitou relações com Israel para aquisição de armas, blindados e outros equipamentos de segurança e vigilância embora historicamente o partido tenha se posicionado a favor dos palestinos. “As armas usadas contra os palestinos são usadas nas periferias. Por isso é importante fazer pressão internacional contra a ocupação genocida e cortar relações como, por exemplo, a Colômbia que expulsou [pediu a saída] o embaixador de Israel e está nesse processo de cortar relações.”
Descendente de palestinos, o comerciante Samy Ihlal Thum, 48, conta às lágrimas que presenciou desde a infância familiares e amigos sendo feridos e humilhados durante revistas em pontos de acesso, chamados de check-points. “Pessoas continuam morrendo, continuamos levantando nossa bandeira, continuamos sendo taxados de terroristas”, afirma. “No momento em que essa humilhação é constante, tomam suas terras terras, as punições que são feitas coletivamente, enquanto continuar incentivando esse ódio, a gente precisa ser uma voz”, disse.
O economista Mohamed Khaled, 24, estava com as irmãs presentes. Eles são iraquianos e participaram do protesto por entender que o povo palestino vem sendo injustiçado há 75 anos. “É importante a comunidade árabe dar apoio à Palestina nesse momento e mostrar para as pessoas que não são daquela região o que realmente está acontecendo lá. Eu não sou palestino, mas apoio os nossos irmãos palestinos, não só porque são árabes mas porque eles também são seres humanos”, declarou. “Grande parte da imprensa tem um viés ocidental, os grandes meios de comunicação contam um lado da história e outro não, de uma narrativa de que são terroristas e não trazem uma visão imparcial para que a pessoa que está acompanhando possa ter uma decisão.”
A cineasta Juliana Muniz, 30, junto com um grupo segurava uma faixa escrita “Judeus contra o apartheid”. ”Mais do que nunca é importante marcar que não somos todos nós judeus que compactuamos com o Estado de Israel, com as políticas do Estado de Israel, com o sionismo que se manifesta atualmente demarcando um apartheid, cerceando direitos da população palestina e fomentando um massacre e uma exportação de tecnologias bélicas, não só no território da Palestina, como em outros territórios mundo inteiro”, explicou.
O ato permaneceu das 11h às 14h na praça e se encerrou com um canto em árabe de uma música que teria sido composta na Faixa da Gaza. Gritos de “Palestina livre” e “Estado de Israel, Estado assassino e viva a luta do povo palestino” foram entoados em coro diversas vezes. Um grupo de muçulmanos também fez um momento de oração.