‘De Olho na Polícia’ expõe falta de transparência na divulgação de dados da segurança pública 

Evento de lançamento do índice de transparência da violência policial produzido pela Ponte contou com a participação de Samira Bueno, do FBSP, Débora Silva, das Mães de Maio, e Almir Felitte, autor de A história da polícia no Brasil

Você sabe quantas pessoas a polícia do seu estado mata por ano? E quantos policiais morrem dentro e fora de serviço? Os números da segurança pública dão a dimensão para qual caminho devemos seguir na hora de pensar políticas públicas. Por isso, a transparência dos dados e o combate à violência do Estado foram temas centrais do evento de lançamento do projeto De Olho na Polícia: Índice de Transparência da Letalidade Policial, que foi ao ar pela Ponte Jornalismo no fim de outubro deste ano, com o apoio da Rights & Security International, da Rise Coalition e da Lagom Data

A roda de conversa “Como analisar e combater a violência de Estado” reuniu no dia 11 novembro, no Ateliê do Bixiga, região central da capital paulista, a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Samira Bueno, a pesquisadora e líder do Movimento Mães de Maio, Débora Silva, o advogado Almir Felitte, autor de A história da polícia no Brasil: Estado de exceção permanente? (Autonomia Literária, 2023), o cofundador da Lagom Data, Marcelo Soares, responsável pela consultoria de dados do índice, e a repórter da Ponte, Jeniffer Mendonça, que assina a reportagem, redação e o levantamento de dados do projeto.

Pesquisadores, ativistas, leitores e apoiadores do trabalho da Ponte estiveram no evento e  puderam acompanhar a apresentação de Jeniffer Mendonça sobre o que foi descoberto a respeito da transparência da segurança pública das 27 unidades federativas do país e qual foi a metodologia usada no ranqueamento. Durante os quatro meses de produção, Jeniffer e Marcelo constataram que não existe uma padronização na divulgação dos dados entre os estados. 

“Os estados têm mais dados do que divulgam espontaneamente ao serem provocados via LAI (Lei de Acesso à Informação). Isso é importante a gente destacar porque nós estamos falando de vidas, de pessoas que são mortas pelo Estado e de pessoas que representam o Estado e estão sendo mortas”, pontuou a repórter que fez ao todo 68 pedidos via LAI para o índice.

Os resultados foram debatidos em seguida entre os convidados, que também pontuaram a importância da imprensa jogar uma luz sobre as informações fornecidas pelas secretarias de Segurança Pública. “Muitas vezes os dados não nos dizem muita coisa”, falou Samira Bueno sobre as inconsistências dos dados. O apontamento também foi feito pela ativista Débora Silva. 

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“Os dados da segurança pública são inverídicos. Até porque quando se fala nos Crimes de Maio, em uma chacina que se tem quatro ou cinco meninos, ele [policial] coloca um óbito. Isso é grave”, afirmou Débora. A falta de transparência dos dados, segundo Almir Felitte, não é amadora. “É uma política de falta de transparência”, explicou.

O evento contou com a venda de livros da Autonomia Literária e de produtos do Movimento Mães de Maio e sorteio de brindes para membros do Tamo Junto.

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