Dois suspeitos mortos em Guararema moravam perto de PM da Rota executado em SP

    Cabo Flores morava a menos de 4 km de 2 dos 11 mortos em ação no interior de SP no mês passado; promotor afirma que PCC monitorou a rotina dele e do outro PM da Rota executado em Santos no dia 25/4

    Cabo da PM Fernando Flores integrava a Rota | Foto: reprodução Facebook

    O cabo Fernando Flávio Flores, 38 anos, assassinado na manhã de ontem na rua Artur Nascimento Júnior, em Interlagos, zona sul da capital paulista, morava a menos de 4 km de dois dos 11 integrantes da quadrilha especializada em roubar caixas eletrônicos mortos em uma ação da Rota em Guararema, na Grande São Paulo, no dia 4 de abril deste ano.

    Documentos da Secretaria Estadual da Segurança Pública mostram que Rogério Machado Coelho, 43 anos, um dos assaltantes mortos pela Rota, residia na rua Caiuby Alves de Castro, Jardim Guanhembu, na zona sul de São Paulo.

    Esse endereço consta no Registro de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) do assaltante e fica a 3,9 km de distância da casa do cabo Flores, o segundo PM da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa mais mortal da PM paulista, executado em um intervalo de 10 dias no Estado. Na ficha de Registro Civil de José Cláudio Borges de Castro, 49 anos, também morto pela Rota em Guararema, consta como endereço a rua Jequirituba, Parque América, na zona sul. A distância desse local à rua onde morava o cabo Flores é de 3,8 km.

    Rogério Machado Coelho e José Claudio Borges moravam a menos de 4 km do cabo Fernando Flores | Foto: reprodução

    Além de Coelho e de Castro outros dois integrantes da quadrilha mortos em Guararema também moravam na zona sul, porém, em bairros mais distantes de Interlagos, onde o cabo Flores vivia com a mulher e três filhos. No registro de CNH de Sérgio dos Santos, 40 anos, aparece como endereço a rua Expedito de Oliveira Santos, no Parque Santo Antônio, 10,8 km distantes da casa de Flores.
    No Registro Criminal do assaltante Claudinei Carvalho Nunes, 26 anos, é mencionado como endereço a rua Sebastião Rodrigues do Carmo, Jardim das Rosas, zona sul, a 16 km da residência do cabo.

    Policiais civis e militares e promotores de Justiça não descartam a possibilidade de Flores ter sido assassinado em represália à ação da Rota na cidade de Guararema. Porém, o fato de o PM ter morado a menos de 4 km de distância da casa de dois assaltantes mortos em Guararema não quer dizer que ele tenha sido executado em represália à ação da Rota. A realidade é que a grande maioria dos policiais militares de São Paulo mora em bairros da periferia paulistana, onde também moram integrantes de facções criminosas. Esses PMs ficam vulneráveis aos ataques dessas organizações e tornam-se alvos.

    Muitos PMs têm como vizinhos assaltantes de bancos, traficantes, latrocidas e líderes do crime organizado. Não são raros os casos de policiais militares que não deixam o fardamento lavado estendido no varal de casa. Saem para o trabalho à paisana e fazem isso com medo que a profissão seja descoberta pelos criminosos.

    Investigações do Ministério Público Estadual apontaram que o PCC (Primeiro Comando da Capital) tem uma célula com a função de levantar endereços de promotores, policiais militares e agentes penitenciários. Para um promotor de Justiça que conversou com a Ponte, não resta dúvidas de que essa célula levantou os endereços do cabo Flores e do cabo Daniel Gonçalves Correa, executado na quinta-feira retrasada (25/4), em Santos, no litoral sul de São Paulo.

    Segundo o promotor, os integrantes dessa célula do PCC seguiram a rotina dos dois policiais militares: sabiam onde moravam, os lugares que frequentavam e até o horário que saíam de casa para o trabalho. Foi o que aconteceu com o cabo Flores, morto quando se preparava para ir para o quartel da Rota. Segundo a Polícia Civil, um dos assassinos do PM é exímio atirador, pois segurava o fuzil com apenas uma mão, como mostram as imagens de câmeras de segurança da rua onde ocorreu o crime (veja vídeo abaixo).

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