Segundo PM da Rota é morto em dez dias em SP

    Cabo Fernando Flavio Flores foi executado a tiros de fuzil na zona sul e caso pode ter ligação com ação policial em Guararema (SP); na Baixada Santista, o também cabo Daniel Gonçalves Correa foi morto a tiros durante a folga no dia 25/4

    O cabo da Rota Fernando Flavio Flores | Foto: reprodução Facebook

    O cabo da Rota Fernando Flávio Flores foi assassinado a tiros dentro de um Fiat Doblô quando saía de casa por volta das 6h30 deste sábado (4/5), na rua Artur Nascimento Júnior, em Interlagos, zona sul de São Paulo. Os três atiradores chegaram em um veículo prata, emparelharam com o carro do policial e efetuaram os disparos. Flores é o segundo PM da Rota, a tropa mais letal da PM paulista, assassinado em dez dias.

    Imagens de uma câmera de segurança da rua mostra que primeiro os atiradores fazem disparos de fuzil de dentro do i30 e, na sequência, descem, se aproximam do veículo da vítima e atiram mais algumas vezes. Existe a suspeita de que Cabo Fernando teria ainda tentado reagir disparando algumas vezes contra os atiradores.

    No último dia 25, o cabo Daniel Gonçalves Correa foi executado a tiros em uma avenida de Santos, no litoral paulista, durante sua folga. Reportagem da Ponte revelou que Cabo Gonçalves respondia por um homicídio de ocorrido em fevereiro de 2016, em retaliação à morte de um colega de farda em agosto do ano anterior, que desencadeou a maior chacina da história de São Paulo, em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo. No dia anterior à morte, ele e um outro colega, réu no mesmo processo, tinham ido a uma audiência do caso no Fórum de Osasco.

    Segundo um promotor que investiga o PCC (Primeiro Comando da Capital), a execução do Cabo Fernando tem ligação direta com as recentes transferências de líderes da facção criminosa para presídios federais, que gerou reação nas ruas, e também a ação capitaneada pela Rota, em Guararema, que terminou com 11 mortos.

    Fiat Doblô alvejado com dezenas de tiros | Foto: arquivo pessoal

    Ainda segundo o promotor, é possível que nos dois casos, criminosos estivessem levantando dados dos policiais e acompanhando a rotina há algum tempo. Na sexta-feira (3/5), o Ministério Público Estadual de São Paulo, em parceria com a Polícia Militar, deflagrou a Operação Jiboia que descobriu justamente uma célula do PCC dedicada a fazer levantamentos de desafetos para possíveis ataques. Ainda, segundo o MP, entre os alvos estavam promotores e policiais militares.

    No final da manhã deste sábado, um i30 prata com características semelhantes a do carro usado no assassinato do Cabo Fernando foi encontrado em chamas na região de Parelheiros, também na zona sul de São Paulo. A placa é da cidade de Campinas, interior paulista, e dentro dele havia estojos de calibre 5,56.

    Veículo com as mesmas características do usado pelos atiradores | Foto: arquivo pessoal

    A Polícia Militar pretende divulgar uma nota oficial ainda neste sábado sobre o caso.

    Retaliação

    Após a morte do cabo Gonçalves, a Rota montou uma operação na cidade de Santos atrás do atirador. No dia seguinte à execução, na sexta-feira (26/4), três pessoas foram mortas na comunidade Vila Siri, na Vila dos Pescadores, em Cubatão, localizada na baixada santista, litoral paulista. Em reportagem da Ponte, moradores afirmaram que houve uma queda de energia e os policiais da Rota entraram na comunidade atirando. “Era por volta das 18h30, quando a gente ouviu os disparos e saiu correndo para se proteger. A rua estava cheia de pessoas e crianças, eu estava no parquinho com minhas filhas porque era horário que elas estavam voltando para escola”, relatou uma mulher. “A gente teve que se esconder em um beco sem saída. Ficamos sem luz por uns 10 minutos”.

    A lógica de revide apontada por reportagens da Ponte, que coloca de um lado o crime organizado e de outro as forças de segurança, parece que está longe de terminar. O ex-comandante da Rota e atual deputado estadual Coronel Telhada postou uma foto do Cabo Fernando em sua conta do Instagram uma legenda que reforça o que vem apontando a nossa reportagem: “Luto novamente. A guerra está aí só não enxerga quem não quer. Cb. Fernando, descanse em paz. Não ficará assim”.

    Colaborou Josmar Jozino

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