Eleitores de Bolsonaro queimam réplica de urna e exigem ‘revogar eleições’

    Grupo reunido na Avenida Paulista disse, sem apresentar provas, que fraudes nas urnas impediram vitória de Jair Bolsonaro no 1º turno

    Cerca de 40 pessoas foram até a Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, protestar contra o resultado do primeiro turno nas eleições para presidente do Brasil. Apesar de Jair Bolsonaro (PSL) ter alcançado o primeiro lugar, eles não foram lá comemorar, ao contrário: sem apresentar provas, afirmam que as urnas foram fraudadas e que um golpe na democracia impediu a vitória do capitão no primeiro turno.

    Os números mostram vitória parcial de Bolsonaro, que alcançou 46% dos votos (49,2 milhões) frente os 29% (31,1 milhões) do segundo colocado, Fernando Haddad (PT). O resultado leva à realização do segundo turno, em 28 de outubro. Para o grupo, situação que seria fruto de uma fraude eleitoral.

    Grupo queimou uma réplica de urna eletrônica | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    “Fui convocado para ser mesário e hoje quando fui imprimir a zerésima [procedimento antes da eleição para constatar que nenhum candidato tenha votos] eu confirmei: tinha votos para o Haddad na urna!”, esbravejou um jovem, em tom de denúncia, ao microfone.

    Eleitores da campanha pró-Bolsonaro e Intervencionistas militares, protestam em frente ao prédio da Fiesp | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Segundo ele, o caso foi passado para o chefe da seção eleitoral. “Chamei o representante, ele falou que reiniciou a urna. Mas eu afirmo: teve fraude e a gente vai livrar todo o Brasil do comunismo! É Bolsonaro!”, sustenta. Defensores de uma ditadura militar e apoiadores da campanha do candidato do PSL integravam o grupo.

    Momento em que a urna é incendiada | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    O grupo cobrava a anulação do pleito. “Tem que ir para rua revogar essa eleição!”, gritava uma mulher no microfone. “Vamos parar o Brasil!”, complementou um homem ao seu lado, afirmando que o capitão da reserva do Exército teria vencido no primeiro turno se não fossem as supostas fraudes.

    Os manifestantes pró-Bolsonaro prometeram lutar: definiram que, a partir das 16h desta segunda-feira (8/10), começam um acampamento na frente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de SP) até que seja confirmada a fraude e, em sequência, corrigido o erro.

    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Durante o dia, as redes sociais fizeram circular uma série de informações falsas com boatos de fraude nas eleições Um dos boatos dizia que, ao apertar o botão de número 1 na hora de eleger o presidente, apareceria imediatamente o complemento com 13 de Fernando Haddad. O TSE (Tribunal Superior eleitoral) afirma que não registrou esse erro.

    Intenção é fazer um acampamento na frente da Fiesp, na Paulista | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Uma das pessoas a acusarem a “fraude” foi Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável e eleito senador pelo Rio de Janeiro. “Está acontecendo diante de nossos olhos. Aperta a tecla ‘1’ para presidente e aprece o indicado do presidiário! Quem souber onde aconteceu isso, favor me enviar zona e seção”, postou, cobrando explicações do TSE (Tribunal Superior eleitoral).

    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Autoridades de diferentes poderes, em coletiva de imprensa realizada neste domingo (7/10), logo após o final das apurações, afirmaram que pretendem punir quem disseminar informações falsas sobre fraudes em urnas. A ministra Rosa Weber, presidenta do TSE, disse as votações ocorreram em clima de “absoluta normalidade”.

    “Aqueles que tentaram descaracterizar, desmoralizar ou tentar induzir a possibilidade de fraude no sistema foram investigados ou estão sendo investigados, serão denunciados e serão punidos”, afirmou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, à Agência Brasil. Segundo Jungmann, foram abertos 51 inquéritos para apurar eventuais crimes cometidos durante as eleições.

    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

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