‘Tenho muito medo de represálias’, diz o homem, sequestrado por policiais civis do 73º DP (Jaçanã) e ameaçado por tenente da Rota
Um empresário sequestrado e extorquido por investigadores do 73 DP (Jaçana) e por PMs disse que saiu do Brasil porque tem medo da Polícia Civil e, principalmente, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa mais letal da Polícia Militar paulista.
O homem alega que em 4 de julho de 2019 foi abordado por policiais civis na região da Avenida Paulista e levado para o 73º DP (Distrito Policial), zona norte de São Paulo. Segundo ele, na delegacia os policiais o acusaram de ser traficante e amigo de bandidos. Disseram, ainda, que ele havia aplicado um golpe em um empresário amigo de um dos investigadores daquela delegacia.
Para libertá-lo os policiais exigiram R$ 2 milhões da vítima. Ele, então, fez algumas ligações telefônicas e conseguiu arrumar a princípio R$ 450 mil. O empresário foi levado nas proximidades de seu escritório, na região da Paulista, e um funcionário seu, o motorista, entregou o dinheiro para os corruptos.
Ainda de acordo com a vítima, outros R$ 550 mil foram entregues no dia seguinte na própria delegacia por um motorista e um segurança dele. Os agentes, no entanto, queriam mais R$ 1 milhão. Assustado pelas agressões e ameaças de morte recebidas na delegacia e também cansado das extorsões, ele resolveu contar tudo para os seus advogados.
O homem foi orientado a denunciar o caso ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), de Santos, órgão subordinado ao Ministério Público Estadual de São Paulo.
Três dias depois do sequestro e extorsão, ocorridos em São Paulo, a vítima sofreu nova intimidação. Segundo o empresário, o tenente da Rota José Ricardo Narlich Júnior o abordou em um shopping center de Santos a mando do empresário amigo dos policiais do 73º DP e o ameaçou.
Depois de denunciar os policiais civis e militares, ele e sua família deixaram o Brasil, rumo a Orlando, nos Estados Unidos, e teme pelas integridades dele, da mulher e dos filhos. Em um relatório de 12 páginas feito e entregue a seus advogados e ao Gaeco, ao qual a Ponte teve acesso, o empresário diz ter medo da polícia civil e, principalmente, da Rota, tropa a qual ele afirma sempre ter defendido.
Na última segunda-feira (30/9), a Secretaria da Segurança Pública divulgou nota informando que foram presos um investigador, três PMs e o empresário acusado de extorqui-lo. Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisões. A SSP não divulgou o nome dos acusados.
A Ponte apurou nesta quarta-feira (2/10), junto ao presídio militar Romão Gomes, que o tenente Narlich, da Rota, está recolhido naquela unidade prisional. A reportagem não conseguiu contatar o advogado do tenente.
*À pedido da vítima, retiramos o nome do empresário que fez a denúncia em atualização às 16h29 de quarta-feira (2/10).
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