Escritor Ale Santos é o novo colunista da Ponte Jornalismo

    Uma das principais vozes dos movimentos negros agora vai falar no nosso site; a coluna do Ale estreia nesta quarta-feira (24/6)

    Ale Santos é o novo colunista da Ponte | Foto: Divulgação

    De Cruzeiro, interior de São Paulo, para o mundo. Foi pelo Twitter que Ale Santos, 33 anos, ampliou a sua voz e as suas vivências. Foi pelo Twitter que ele criou pontes geográficas e sociais. Twitteiro desde 2009, o escritor e publicitário tem mais de 130 mil seguidores na plataforma. A partir desta quarta-feira (24/6) ele passa a integrar o time da Ponte Jornalismo como colunista.

    Ale é autor do livro “Rastros de resistência: Histórias de luta e liberdade do povo negro”, lançado em 2019. A obra resgata o passado de grandes reinos que tiveram sua história apagada ou silenciada ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo, registrando as lutas e a resistência do povo negro.

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    Em sua coluna na Ponte, Ale pretende fazer o mesmo: ajudar a contar a história de resistência e liberdade do povo negro e desmascarar o mito da democracia racial.

    “Não apenas falar sobre racismo, mas revelar quem foram as verdadeiras pessoas que fizeram algo pelo povo negro nesse país: que são as pessoas negras. É sobre resgatar algumas dessas figuras, contar toda a história afro-brasileira através da perspectiva dessas pessoas negras, que confronta o projeto da elite brasileira, que contou a grande história até aqui”, afirma o colunista.

    Ale também critica redações compostas apenas por pessoas brancas: “Isso impacta muito como as notícias chegam para as pessoas. Isso significa que aquelas discussões de política, de economia, do cotidiano não são o dia a dia das pessoas pobres e pretas do país. Elas acabam consumindo e são guiadas por uma televisão ou um jornal que despreza a experiência de vida negra”.

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    Em entrevista à Ponte, Ale conta que ainda é preciso falar de racismo, assim como outros líderes dos movimentos negros fizeram no passado. “A reforma agrária ainda é necessária assim como foi dito por André Rebouças. A inserção do negro na sociedade ainda é necessária como escrito por José Correia Leite ou como foi sugerido por Abdias do Nascimento”.

    “Quero levar para todas essas pessoas uma narrativa que aproxime eles da ancestralidade, dos movimentos negros, porque as elites construíram o mito da democracia racial que diz que todos somos iguais”, aponta Ale.

    “Isso é mentira, os negros de pele mais clara têm indicadores do IBGE que têm uma aproximação com os negros de pele escura e muito distante das pessoas brancas. Negros compartilham a mesma realidade e deveríamos compartilhar a mesma consciência”, completa.

    Leia também: ‘Diferente dos EUA, no Brasil os brancos não oferecem seus corpos para a luta antirracista’

    Apontar as diferenças históricas, entre Brasil e EUA, é fundamental para entender o processo abolicionista em solo brasileiro. “Nos EUA, os negros participaram da abolição. Eles partiram para a guerra e, de alguma maneira, tiveram protagonismo e foram ressarcidos. Alguns receberam dinheiro ou terras, conseguiram construir alguns bairros que tivessem mais liberdade”, explica Ale.

    “No Brasil, não. Os negros não participaram da abolição. Todos os negros que foram abolicionistas foram rechaçados. Eles deveriam ter sido colocados no posto máximo. Mas tiveram que fugir do país ou acabaram morrendo em situações precárias, porque a elite que dirigiu a abolição odiava eles e todos os outros negros”, argumenta.

    Arte: Junião

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