Agressão ocorreu nesta terça-feira (15) em unidade na zona sul da capital paulista. Vítima passou por exame de corpo de delito nesta quinta (17)
Ao apontar para as marcas deixadas pela agressão de um segurança do Burger King nas costas do seu filho, Rayane Cármen da Silva, 34 anos, sente revolta. Ela, que não bate em nenhum dos seus cinco filhos, não admite que o mais velho deles tenha sido açoitado com um cinto na última terça-feira (15/2), em uma loja da rede de fast food localizada na Rodovia Anchieta, zona sul da cidade de São Paulo.
A mãe do garoto de 12 anos afirma que vai pedir a punição do agressor do seu filho, bem como pedirá uma indenização à empresa pelo fato ocorrido. Para Rayane, a única justificativa para tamanha violência contra o menino é o racismo. “Os funcionários da loja foram racistas porque meu filho é preto e ele não estava roubando. Eu quero justiça”, afirmou.
Segundo o garoto, ele e outros amigos estavam no estacionamento da lanchonete no início da noite pedindo lanches às pessoas que estavam no drive-in da loja, quando teria recebido de uma cliente que saia do local um copo que daria direito tomar um refrigerante. Porém, o segurança tomou o objeto das mãos do menino e passou a agredi-lo com o cinto que usava. Pessoas que viram a ação conseguiram impedir com que o homem continuasse com os maus tratos.
Rayane Carmém da Silva disse que ficou sabendo da agressão ainda na terça-feira, mas ficou consternada no dia seguinte quando as imagens do filho apanhando ganharam as redes sociais. Em pouco tempo, segundo ela, uma série de parentes e amigos passaram a ligar para falar sobre o vídeo que circulava em grupos do WhatsApp.
As marcas ainda estavam visíveis no início da tarde desta quinta-feira (17/2) quando o garoto, junto com sua mãe e avó, foi ao Instituto Médico Legal fazer o exame de corpo de delito. Um boletim de ocorrência foi registrado na 26º DP (Sacomã). A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública para saber como será feita a investigação pela Polícia Civil, mas até o momento não obteve resposta.
“Eu fui lá no Burger King para tomar satisfação com o que fizeram com o meu filho. Chegaram a dizer que achavam que ele não tinha pai nem mãe, como se isso fosse justificativa para bater nele da forma como bateram”, diz Rayane, indignada.
Bicicleta e problemas de saúde
A avó do garoto, Maria Neuma da Silva, 62 anos, revela que o neto necessita de cuidados especiais desde muito novo. Segundo ela, a cada três meses ela vai no posto de saúde buscar um remédio de uso controlado que faz parte do tratamento do menino. “Ele é muito agitado e caso não tome essa medicação ele tem desmaios e fica se debatendo no chão”, conta.
Mesmo com o problema da epilepsia, a mãe garante que o filho é um menino muito ativo e inteligente. Segundo ela, a paixão do garoto é a bicicleta. “Se deixar ele passa o dia todo andando para lá e para cá”, conta. Enquanto a mãe e a avó conversavam com a reportagem, foram poucos os momentos que o menino desgrudou da tela do celular, seja jogando ou mandando áudios para parentes contando onde estava.
A mãe diz que depois do episódio desta semana, o garoto está assustado e falando menos do que o de costume, mas ela torce que esse fato não deixe sequelas nele. “Eu acho que ele vai superar isso. Hoje ele já estava falando que não queria vir fazer os exames para ficar brincando com os amigos. Espero que isso que aconteceu não mexa com ele”.
O que diz o Burger King
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da rede de lanchonetes afirmou que o agressor fazia parte do quadro de funcionários de um empresa terceirizada e que ao saber do ocorrido rompeu o contrato com a prestadora de serviço.
“O Burger King reforça que repudia qualquer ato de violência. A empresa informa que encerrou o contrato com a empresa de serviço terceirizado responsável pela segurança, e que segue apurando o caso para tomar as demais medidas cabíveis”, diz o comunicado da empresa.