Foragido da Justiça há exatos 21 anos, Fuminho, do PCC, “dá o ar da graça”

    Gilberto Aparecido dos Santos, 49 anos, o criminoso mais procurado do Brasil, assinou uma procuração em setembro de 2019 oficializando um advogado para ser seu defensor

    Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho | Foto: Arquivo Ponte Jornalismo

    O criminoso mais procurado do país, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, apareceu. Atualmente com 49 anos, ele assinou uma procuração (confira o documento completo aqui) constituindo o advogado Eduardo Dias Durante como seu defensor. O documento é de Santos, litoral de São Paulo, e é datado como 17 de setembro de 2019.

    Pelo menos é o que consta na procuração anexada pelo próprio Durante em processo judicial no Ceará, onde o advogado defende Fuminho da acusação de duplo homicídio. Outros nove réus envolvidos no duplo homicídio também foram denunciados à Justiça cearense. O processo continua tramitando e tem quase quatro mil páginas.

    Fuminho foi denunciado como o mentor dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, mortos em fevereiro de 2018 na região metropolitana de Fortaleza.

    Ambos eram homens da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital) e, segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo, foram executados sob a acusação de desvio de dinheiro da facção criminosa.

    Segundo as forças de segurança, Fuminho é o maior traficante de drogas do Brasil e braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o líder máximo do PCC.

    Histórico criminal de Fuminho | Foto: reprodução SAP

    Desde 12 de janeiro de 1999, quando escapou da Casa de Detenção, no Carandiru, zona norte de São Paulo, as polícias do Brasil não conseguiam recapturar Fuminho. A fuga dele completa mais um aniversário neste domingo (12/1).

    Um documento da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) diz que Fuminho planejava resgatar Marcola da Penitenciária Federal de Brasília, para onde ele foi transferido em março de 2019 (confira o documento completo aqui).

    Consta no documento que o plano de resgate de Marcola foi descoberto em abril de 2019, quando agentes encontraram um bilhete decodificado em uma cela no raio 2 da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

    A P2 de Venceslau, no Oeste do Estado de São Paulo, abrigava os 15 principais líderes do PCC, inclusive Marcola, até fevereiro do ano passado, quando eles foram transferidos para prisões federais.

    No mês passado, o Exército cercou a Penitenciária Federal de Brasília por causa dos rumores do possível resgate de Marcola e de outros líderes do PCC recolhidos na mesma unidade.

    Defensores de Marcola afirmaram à Ponte que ele não pertence a nenhuma facção criminosa e que não há qualquer prova material sobre planos para resgatá-lo.

    Já em relação a Fuminho, o Ministério Público Estadual sabe que, antes das mortes de Gegê do Mangue e Paca, ele comandava o transporte de ao menos uma tonelada de cocaína por mês para a Europa.

    O documento da SAP adverte que Fuminho é um dos mais importantes fornecedores de drogas do PCC, na Bolívia e no Paraguai, e tem sob seu controle, guerrilheiros treinados com armas de precisão.

    Segundo o documento da SAP, Fuminho distribui cocaína para países da Europa pelos portos de Fortaleza, no Ceará; Suape, em Pernambuco; Itajaí, em Santa Catarina; e Santos, na Baixada Santista.

    Na procuração assinada por Fuminho em setembro do ano passado consta que o endereço dele é Rua Independência, 246, bairro do Cambuci, na região central da capital paulista.

    Até hoje, passados 21 anos de sua fuga do então maior presídio da América Latina, Fuminho continua driblando as Polícias Civil, Militar e Federal e as Forças Armadas brasileiras.

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