Jovem viu homem ensanguentado e foi ajudar, quando PMs ‘chegaram batendo em todo mundo’; corporação afirma que ela agrediu uma policial
Uma estudante universitária denuncia ter sido agredida por policiais militares em Belo Horizonte durante o sábado (22/2) de carnaval. Segundo ela, os policiais preferiram agredi-la e prendê-la em vez de socorrer um homem esfaqueado.
A jovem de 24 anos, que pediu para ter o nome preservado por medo, contou que saiu do Shopping Cidade BH, no centro da capital mineira, junto com quatro amigos quando viu um homem ensanguentado cair no chão.
Por ter curso de primeiros socorros, decidiu ir ajudá-lo. Ainda não sabia que ele havia sido esfaqueado, conforme informado pela PM-MG posteriormente à Ponte.
A vítima disse que estava vendo o ferimento e, preventivamente, virou o homem de lado para evitar engasgamento no caso de ele ter uma convulsão. Naquele instante, policiais militares apareceram.
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“A PM veio batendo em todo mundo com cassetete. Uma policial mulher me bateu e eu empurrei ela como defesa. Aí um policial me deu um mata-leão [golpe de enforcamento aplicado com os braços]”, contou a estudante.
A vítima das agressões conseguiu se desvencilhar em um primeiro momento dos policiais. “Depois me jogaram no chão, começaram a me enforcar de novo. Enquanto estava sendo enforcada, o policial falou ‘eu vou te apagar'”, afirmou.
Durante a ação, ela conta que seus seios ficaram “completamente à mostra” enquanto era agredida, pois estava de biquíni, parte do figurino usado para ir em um bloquinho de carnaval em Belo Horizonte.
Os policiais ainda teriam a prensado contra a parece, torcido seu pulso e depois a levado para a delegacia. Fotos mostram os ferimentos de I.H. dois dias após as agressões. “Eles estavam mais preocupados comigo do que com uma pessoa desmaiada e sangrando”, apontou.
Segundo a jovem, ela foi colocada na viatura e os PMs passaram por pelo menos quatro delegacias antes de levá-la à Ceflan 1, no bairro da Floresta, que é a Central de Flagrantes.
“Disseram que eu parti para cima deles [PMs], que me recusei a sair de cima. Falaram que eu estava transtornada”, afirmou, dizendo que os policiais na delegacia perguntaram mais de uma vez se ela tinha usada alguma coisa [droga] ou se estava bêbada.
Questionada pela Ponte, a PM-MG explicou que os policiais atendiam uma ocorrência de homem esfaqueado quando pediram para as pessoas se afastarem. Segundo eles, a estudante “negou-se a afastar-se do local” e que “entrou em luta corporal com a militar, agredindo-a com tapas no rosto”.
A polícia sustentou que a agente teve uma lesão na boca por causa da agressão da estudante. “Ao resistir à prisão, a autora precisou ser contida pelos militares e, mesmo algemada, agrediu outros militares”, diz a nota da PM, que assegura “não coadunar com qualquer desvio de conduta”.