Protesto ocupou Monumento às Bandeiras e seguiu para a Avenida Paulista para reivindicar os direitos dos povos indígenas nesta quinta-feira (23); lideranças feministas também protestaram pelo direito ao aborto
Aos gritos de “não ao marco temporal”, lideranças indígenas do povo Guarani se reuniram no Monumento às Bandeiras em frente ao Parque Ibirapuera, na zona sul da capital paulista, no início da tarde desta quinta-feira (23/6) para reivindicar a proteção dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente. O julgamento da tese que deve dificultar a demarcação de terras indígenas no Brasil aconteceria ontem, mas foi adiado mais uma vez pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ato é parte da mobilização “Luta Pela Vida” que aconteceu também em outras capitais pelo Brasil a fim de cobrar que a Suprema Corte retome a sessão e rejeite o marco temporal.
O movimento indígena também pediu justiça ao jornalista britânico Dom Phillips e ao indigenista brasileiro Bruno Pereira, que foram assassinados no início deste mês no Vale do Javari, no Amazonas, e cobrou o afastamento do atual presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, por estar atuando contra os direitos dos povos originários. Foram colocadas faixas vermelhas em volta do monumento como forma de ocupação e memória à resistência indígena.
“Estamos aqui num ato simbólico, em frente ao Monumento às Bandeiras, que é um símbolo da escravidão indígena que teve nesse país na época da invasão. Estamos aqui reocupando esse espaço que sempre foi nosso. Esse estado de São Paulo sempre foi território indígena e sempre será. A gente ocupa os espaços onde a gente se sente como se tivesse voltado ao passado e os nossos antepassados morreram aqui”, explicou a líder indígena e coordenadora executiva da Apib, Sonia Guajajara, à Ponte.
Em discurso durante o protesto, a cacique Arapoty, 55 anos, da aldeia Itawera, na região do Jaraguá, zona norte da cidade de São Paulo, criticou a postura do governo federal: “a gente não aceita mais presidente assim. Nós não queremos mais o Marcelo Xavier no comando, a gente quer o pescoço dele, a gente quer ele fora da Funai”, reivindicou. “A gente não quer assassinos como os bandeirantes dentro do nosso povo. A gente não quer governo que só quer tirar os territórios dos povos indígenas e vira as costas para nós.”
Por volta das 18h30, o ato que estava no Ibirapuera seguiu para a Avenida Paulista, onde ocupou a faixa sentido Consolação em frente ao vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). No local, indígenas se reuniram com dezenas de manifestantes feministas de um outro ato, organizado pela Marcha Mundial das Mulheres, que reivindicou o direito ao aborto legal e o afastamento da juíza Joana Ribeiro Zimmer. Conforme um vídeo publicado pelo The Intercept Brasil e pelo Portal Catarinas, a magistrada induziu uma menina de 11 anos que foi estuprada a desistir de realizar o procedimento.
A Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Polícia Militar de São Paulo acompanharam ambos os protestos, que se encerraram de forma pacífica. Veja a seguir mais imagens do ato desta quinta-feira.