Igor Rocha dá nome ao espaço público no Jardim São Savério, na zona sul da capital paulista, inaugurado neste domingo (25)
O espaço próximo ao número 93 da Avenida dos Ourives, no Jardim São Savério, na zona de São Paulo, passou a se chamar Praça Igor Rocha Ramos. O nome é uma homenagem ao jovem de 16 anos morto, em abril de 2020, com um tiro na nuca disparado pelo sargento da PM Nelson Gonçalves da Veiga Almeida.
Para celebrar a memória de Igor, familiares, amigos e vizinhos fizeram um ato de inauguração da praça com uma festa realizada na tarde deste domingo (25/9). Nas conversas entre os presentes, as lembranças do rapaz se alternavam entre a revolta e a saudade.
“O Igor era uma moleque sossegado. Mal saia de casa e só queria jogar vídeo game. Essa homenagem é da hora por trazer a lembrança, mas nada vai trazer ele de volta”, desabafou o amigo David Antony, 18 anos.
Descendo uma escadaria que na parte de trás da praça fica o exato local onde Igor, no dia 2 de abril de 2020, foi morto. Ele tinha saído para comprar pão e cigarro para sua mãe que estava com Covid-19 na época. Ao passar pela viela, o adolescente correu para não ser abordado por policiais militares. Na fuga, o rapaz foi alvejado pelas costas.
Igor disse à família, dois meses antes da sua morte, que havia sido ameaçado pelo mesmo policial que o matou, por conta da sua passagem pela Fundação Casa, onde ficou internado por conta de um roubo de veículo.
A comunidade já pleiteava junto à prefeitura de São Paulo transformar o terreno em uma praça. Um amigo deu a ideia para Ana Paula Rocha, mãe de Igor, para que o nome do espaço público tivesse o nome do seu filho. Depois de juntar assinaturas entre os moradores do bairro e apresentar documentos, em 22 de abril de 2022, dois anos após o assassinato, foi publicado no Diário Oficial do município o decreto oficializando a criação da praça.
“Eu fico muito emocionada com isso que está acontecendo. Vai servir para que ninguém esqueça o que foi feito com o Igor. Isso é só uma parte. Nós temos fé que a justiça será feita e quem matou meu filho vai pagar pelo seu crime”, afirmou Ana Paula Rocha.
Auxiliando a família desde a morte de Igor, a Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio ajudou na organização do evento e vem acompanhado o caso Para Maria Neide de Carvalho, articuladora da Rede no território, batizar uma espaço público com o nome de Igor faz com que a violência da polícia contra a juventude negra não seja esquecida.
“Nós queremos que essa praça se torne um memorial sobre as mortes de jovens da comunidade causadas pela polícia. O caso do Igor não foi o único. Assim como ele tiveram vários outros aqui. Mais de cem”, declarou a articuladora.
Apesar de ter sido reconhecido o nome de Igor para o espaço, nenhuma obra foi feita pela prefeitura ou houve qualquer inauguração. O ato deste domingo foi promovido pela própria comunidade e no lugar não há nenhum equipamento público. As pequenas intervenções existentes na praça foram feitas por iniciativa de Ana Paula e seus vizinhos.