Jovem que teve namorada morta por PM em Poá denuncia intimidação de policiais

    Após policial de folga atirar e matar Brenda Lima de Oliveira, Rhuan Macedo alega que vizinhos têm tido celulares verificados e ‘presença ostensiva de viaturas’ o intimidando

    Rhuan com Sueli, mãe de Brenda, registrando a denúncia na Ouvidoria | Foto: Divulgação

    Baleado nas costas e namorado da jovem Brenda Lima de Oliveira, 20 anos, assassinada por um policial militar de folga em Poá, na Grande São Paulo, Rhuan Carlos dos Santos Macedo denuncia que seus vizinhos têm tido os celulares verificados por PMs desde a morte da garota. O caso aconteceu na madrugada de sábado (30/6) para domingo (1/7).

    Segundo o jovem, de 19 anos, policiais têm abordado moradores da região onde mora para verificar se eles possuem vídeos com imagens do policial atirando contra a moto em que o casal estava. A denúncia foi registrada na Ouvidoria das Polícias de São Paulo, comandada pelo ouvidor Benedito Mariano, que instaurou procedimento e acionou a Corregedoria da PM, responsável por investigar a denúncia.

    Conforme relatado pelos pais de Brenda, Adnaldo da Silva de Oliveira e Sueli Maria de Lima, alguns familiares estão sendo intimidados com a presença ostensiva de policiais militares próximos de suas casas. Eles moram em um bairro vizinho ao Jardim Santo Antônio, onde a garota morreu. Sueli informou que o IML (Instituto Médico Legal) alegou ter incinerado as roupas de Brenda, apenas entregando o par de tênis que a jovem usava quando foi morta.

    Rhuan e Brenda estavam de moto após passarem em frente à casa de dois cômodos que alugariam quando o PM Johnatas Almeida Lima e Lima os confundiu com um casal que, segundo o PM, estava o perseguindo. De folga, ele sacou a arma e atirou no momento em que a moto passou em frente à sua casa, atingindo fatalmente Brenda no peito e Rhuan, nas costas.

    Johnathan alegou que, após uma operação policial na semana anterior ao crime, pessoas passaram em frente à sua casa o ameaçando. Um casal suspeito teria vigiado a casa e, posteriormente, uma bomba foi lançada em sua sacada. A dupla foi abordada pela Rocam e, após os tiros contra Rhuan e Brenda, se verificou que não se tratava das mesmas pessoas.

    A Polícia Civil decidiu que o PM Johnatas responderá em liberdade pelo crime de homicídio simples por ter se apresentado espontaneamente na delegacia. Sua casa passou a ser vigiada por uma viatura da PM 24 horas por dia, segundo apurado pela reportagem.

    “Em razão da gravidade dos fatos, a execução sumária da jovem, o PM autor dos disparos deveria ter sido detido. Ninguém pode assassinar uma pessoa de forma tão brutal e cruel, com a banal justificativa de que achava que seria atacado”, sustenta o advogado e coordenador da comissão da Infância e do Juventude do Condepe, Ariel de Castro Alves. “Caso ele estava se sentindo ameaçado deveria pedir reforço junto à sua corporação e registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia, e não ficar de tocaia para efetuar disparos contra quem passasse na frente de sua residência”, continua.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas