Rapazes afirmam à Ponte terem sido agredidos com cassetetes e que os pneus da moto em que estavam foram furados por policiais na zona sul de SP
Um jovem de 19 anos afirma ter sofrido violência após ser abordado por quatro policiais militares na rua Doutor Miguel Leuzzi, na Chácara Cocaia, bairro do Grajaú, periferia da zona sul de São Paulo, por volta das 18h do dia 25 de janeiro deste ano.
Segundo o rapaz, que não quis ser identificado por medo de represálias, ele e um amigo estavam em uma festa de aniversário na rua que sofreram a abordagem, quando chegou uma viatura da Polícia Militar e acabou com a comemoração.
Ele conta que pegou a moto e, junto com o amigo, se preparavam para voltar para casa quando foram impedidos pelos PMs. “Eles me pegaram e já mandaram pôr a mão para trás, e o outro veio me batendo. Um deles falou ‘quer curtir? Vai curtir empurrar sua moto até sua casa agora’, e rasgou os dois pneus”.
O motivo da abordagem, segundo o amigo do jovem dono da moto, Luan Pereira, de 20 anos, era o fato dos dois estarem sem capacetes. “Eles já desceram da viatura batendo. Tomei uns socos”, conta Luan.
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Os dois acreditam que a ação durou cerca de cinco minutos. O dono da moto também afirma que os militares foram agressivos desde o começo da abordagem. “O policial mandou eu colocar a mão para trás, quando eu fui colocar ele veio com um cassetete e bateu no meu peito perto do pescoço. Eu caí e levei mais duas [cassetadas] na cabeça”.
Ele afirma que respondeu para os policiais que o documento da moto estava em dia e que é habilitado, mas não teve tempo de mostrar os documentos pois as agressões começaram antes.
O jovem ainda conta que, enquanto estava sendo agredido por um PM, Luan perguntou a outro policial o motivo das agressões e levou um soco na boca.
O rapaz dono da moto explica que não registrou Boletim de Ocorrência e também não pretende fazer por ter medo de reações dos PMs. “Deixei para lá porque com essa raça não se mexe. Eu tô na rua todo dia, não sei se ele tem minha placa. Vai que eles não satisfeitos vêm e fazem coisa pior”.
Outro lado
De acordo com a assessoria de imprensa da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a empresa terceirizada CDN Comunicação, “a Polícia Militar não encontrou registros de atendimento da ocorrência no local apontado no dia e horário descritos. Qualquer queixa sobre a atuação de policiais pode ser formalizada na Corregedoria da PM”.
O ouvidor da polícia do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, também disse que é preciso registrar a ocorrência em um DP (Distrito da Polícia Civil) ou na Ouvidoria da Polícia para que o caso seja investigado. O ouvidor destaca ainda que “é difícil mas é possível” chegar aos possíveis autores da abordagem apenas com as informações fornecidas pelo jovem (data, horário e local).