Penas variam de 5 a 83 anos por cobrança de propina de quadrilha ligada a Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito de Marcola e maior traficante do Brasil
A Justiça Militar condenou 42 dos 53 policiais militares do 22° Batalhão (Jardim Marajoara, zona sul), acusados de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do país.
Escutas telefônicas feitas com autorização judicial apuraram que os PMs trabalhavam para uma quadrilha ligada a Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, o maior traficante de drogas do Brasil.
Foragido há mais de 20 anos, Fuminho é o braço direito de Marco Willlians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MPE (Ministério Público Estadual) como o líder máximo do PCC.
O soldado Islei Fabiano da Silva Braz foi o último dos réus a ser julgado – na semana passada – e também foi o que recebeu a pena mais alta entre os demais condenados: 83 anos de prisão. A Ponte não conseguiu contato com a advogada dele.
Dentre os 53 réus denunciados à Justiça Militar pelo Ministério Público, 32 eram soldados, 13 cabos, sete sargentos e um subtenente. A Justiça absolveu 11 acusados.
Os PMs foram presos em dezembro de 2018 durante a deflagração da Operação Ubirajara, nome do bairro onde, segundo as investigações, eles cobravam propinas de integrantes do PCC para permitir o tráfico de drogas na região patrulhada pelo 22° Batalhão.
Segundo o Ministério Público Estadual, os militares exigiam dos traficantes pagamentos periódicos, semanal ou quinzenal, para não reprimir a comercialização de drogas. As propinas variavam de R$ 300 a R$ 50 mil.
Os policiais militares foram acusados pelos crimes de concussão, corrupção passiva, falsidade ideológica, violação de sigilo funcional e associação ao tráfico de drogas.
As penas impostas aos militares variam de cinco anos e quatro meses a 83 anos e dois meses de prisão. Um cabo já havia sido foi condenado a 68 anos e seis meses e outro, a 63 anos de reclusão.
Os réus considerados culpados pela Justiça cumprem pena no Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte da cidade de São Paulo. Todos entraram com recurso contra a decisão judicial.
Uma das provas do envolvimento dos PMs com a quadrilha de Fuminho foi a prisão do traficante Sandro Gomes da Silva, preso em fevereiro do ano passado.
Na denúncia do Ministério Público consta que dois PMs do 22° Batalhão prenderam Sandro com grande quantidade de drogas, mas exigiram R$ 10 mil para não apresentá-lo como traficante na delegacia de Polícia Civil do bairro.
Em uma das escutas telefônicas, interceptada em 19 de fevereiro de 2018, Sandro pede maior prazo aos PMs para pagar parte da propina exigida pelos policiais corruptos.
Em outro trecho monitorado, o traficante diz que vai mandar um “salve” (recado) para Venceslau, ou seja, a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde até hoje estão presos líderes do PCC – outra parte foi transferida para presídios federais. Essa conversa demonstra a relação de Sandro com a cúpula da facção criminosa.
Fuminho é um dos criminosos mais procurados do país. O nome dele também consta na relação de procurados da Interpol. A Polícia Civil de São Paulo acredita que Fuminho está foragido na Colômbia e que deu entrada naquele país usando documentos falsos.
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