Jonathan de Araújo Souza estava em liberdade provisória acusado de roubo. PM Carlos Henrique Fogaça Mattos, autor do disparo, é investigado pela Corregedoria
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo considerou inocente o jovem Jonathan de Araújo Souza, de 18 anos, da acusação de roubo de moto. Preso injustamente por 35 dias no CDP (Centro de Detenção provisória) de Guarulhos, ele estava em liberdade provisória. Jonathan foi baleado pelas costas pela Polícia Militar.
A decisão do juiz José Roberto Cabral Longaretti, da 13ª Vara Criminal de Guarulhos, considera que as provas não apontam o vendedor como culpado. Sustenta em sua decisão o fato de a vítima do roubo não ter reconhecido Jonathan em juízo, sendo que, no dia da prisão, o apontou como culpado através de foto apresentada pelos PMs Carlos Henrique Fogaça Mattos, de 29 anos, e Marcos Roberto Santos de Almeida, 44, que participação da ação.
“Entendo que a absolvição é a consequência natural, pois a prova existente nos autos encaminhou-se no sentido de caracterizar que Jonathan não participou do delito do qual é acusado”, decidiu Longaretti, após ouvir duas testemunhas de acusação e cinco de defesa.
A prisão aconteceu no dia 9 de julho, na Cidade Ademar, zona sul da cidade de São Paulo. Os policiais foram acionados para rastrear uma moto branca roubada. Jonathan, dono de uma moto vermelha, passava pelo local e foi confundido pela dupla, conforme a decisão judicial.
Segundo o relato dos policias, Mattos encontrou o veículo em uma viela da rua Promo Fazini, junto de uma moto vermelha. O condutor da moto branca (que, segundo eles, seria Jonathan) foi na direção do policial, caiu e sacou um revólver calibre 38, no momento em que o PM atirou duas vezes. O suspeito ferido conseguiu se desvencilhar e fugiu dos dois policiais, deixando a arma para trás.
O garoto foi levado ao Hospital Pedreira após ser atingido por um tiro nas costas. Ele perdeu um dos rins e teve parte do intestino retirado por conta dos danos causados pelo tiro. Os PMs foram até o local e Mattos reconheceu Jonathan de Araújo Souza como suspeito através de uma fotografia. O dono da moto roubada e uma outra testemunha confirmaram a acusação da mesma forma – o que não conseguiram sustentar em juízo.
Mattos sustentou sua versão em juízo e declarou que “não sabe explicar como Jonathan foi alvejado nas costas” se o acusado estava de lado quando apontou a arma em sua direção. Foi retirada um projétil de calibre .40, arma exclusiva de uso da PM, da moto do vendedor, vermelha, enquanto a moto roubada era de cor branca.
A decisão faz com que Jonathan siga definitivamente em liberdade, conforme decisão inicial do juiz Longaretti. Liberto provisoriamente no dia 25 de agosto, ele reconhecia ter medo de voltar a ser preso.
“Não quero entrar nunca mais num lugar como aquele, a prisão. Tenho medo de volta pára lá, mas espero que a minha inocência prevaleça”, disse o garoto, que relatou o dia em que foi preso à Ponte.