Justiça manda soltar jovens que bateram moto em carro de delegada e foram acusados de tentativa de roubo

Após 12 dias, juiz entendeu que não havia indícios de que Alex Vinícius Medeiro da Silva, Pedro Henrique Ferreira da Silva, Matheus Leal de Carvalho e Gustavo Alcântara Lacerda cometeram crime

Por empinar moto e “darem fuga” em delegada, jovens são presos acusados de suposta tentativa de roubo | Foto: Arquivo Pessoal

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou, nesta quarta-feira (12/5), a liberdade provisória de Alex Vinícius Medeiro da Silva, Pedro Henrique Ferreira da Silva, Matheus Leal de Carvalho e Gustavo Alcântara Lacerda, que bateram moto em carro de delegada e acabaram acusados de tentativa de roubo no começo do mês. De acordo com a família, os quatro brincavam de empinar motos quando atingiram o veículo da policial civil.

Na decisão, o juíz Sergio Augusto Duarte Moreira, da Vara Criminal de Cotia, argumentou que não existência evidências de que tenha ocorrido a tentativa de roubo e que havia de fato indicação de colisão entre os veículos. “Impende destacarmos que pelo que consta dos autos, os indivíduos após caírem, optaram por sair do local, vislumbra-se, que ao colidirem com o veículo, possivelmente desistiram de prosseguir na empreitada criminosa, já que evadiram do local, mesmo podendo prosseguir com a execução do possível roubo”, escreveu.

O magistrado também destacou que os jovens não têm antecedentes e que “pelas mensagens de WhatsApp colacionadas pela defesa, verifica-se que os envolvidos marcaram possível encontro de motos entre amigos no dia, em espécie de confraternização, não demonstrando, ao menos no momento da troca de mensagens, que pretendiam após o encontro executarem um roubo”.

Em troca de mensagens, jovens combinavam empinar motos | Fotos: Reprodução

A determinação prevê aos quatro o cumprimento de medidas cautelares como não se ausentar da cidade sem autorização e comparecer no fórum a cada dois meses. As famílias aguardam a expedição do alvará de soltura.

À Ponte, a prima Alex e Pedro, Vitória Guilhermina, disse que as famílias ficaram “eufóricas” com a notícia. “Já estávamos organizando um protesto por Justiça e tudo, estamos muito felizes, mas não tira nada do que passamos porque foi um injustiça”, afirma. “Eles ficaram presos por 12 dias, e só eles sabem o que passaram e viveram encarcerados lá dentro, estamos felizes mas ainda queremos justiça. Justiça por eles e justiça para todos os jovens periféricos e pretos que estão sendo encarcerados em prisões forjadas e de abuso de autoridade”, prosseguiu.

“Graças a Deus deu certo, mesmo com o Ministério Público sendo contra [a soltura] o doutor Sergio achou plausível diante da farta documentação e concedeu a liberdade provisóriia. A gente se sente agradecido vendo ser aplicada a justiça”, diz o advogado Sidvan de Brito, responsável pelo pedido de soltura.

A Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, movimento de que denuncia violações de direitos humanos nas periferias e faz acompanhamento das famílias, convocou uma manifestação prevista sexta-feira (14/5) pela liberdade dos rapazes. A organização ainda não confirmou se o protesto está mantido.

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