Relatório da ONG aponta que Brasil caiu duas posições em ranking com 180 países
O Brasil está em 107º lugar no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa de 180 países, informa relatório divulgado nesta terça-feira (21/4) pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. A situação do Brasil, segundo o relatório, é marcada pela “censura com muitas faces” e a chegada de Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência da República contribuiu para que o país caísse dois lugares no ranking.
Leia o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa
A queda da posição brasileira, que anteriormente ocupava o 105º lugar do ranking, foi motivada pela deterioração do ambiente para jornalistas, marcado pela hostilidade permanente que atravessa a relação do governo com a imprensa.
O relatório divide os países em cinco grupos: situação boa, situação satisfatória, situação problemática, situação difícil e situação muito séria. O país faz parte do grupo de países que a Repórteres sem Fronteiras classifica como “situações problemáticas”, que representa 34,97% dos indicadores globais.
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Segundo o ranking, há um horizonte sombrio para a liberdade de imprensa na América Latina. As exceções são a Costa Rica, que ocupa a 7ª posição do ranking, e o Uruguai, que está na 19ª posição.
O México, que ocupa a 143ª posição do ranking, teve 10 jornalistas assassinados em 2019. Segundo o relatório, o governo do presidente López Obrador teve “incapacidade de conter a espiral de violência e impunidade”.
O último país da América Latina na lista é a Venezuela, na 147ª posição, por conta do autoritarismo do presidente Nicolás Maduro e repressão governamental contra a imprensa independente, que se tornou diária e multifacetada, com prisões arbitrárias, violência pelas forças de segurança e pelos serviços de inteligência e expulsão de jornalistas estrangeiros.
A pandemia do coronavírus, de acordo com o estudo, teve relação direta com a repressão da liberdade de imprensa. Segundo a análise, a próxima década será decisiva para o futuro do jornalismo, por conta das crises de geopolítica, de tecnologia, da democracia, de confiança e da economia.
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O cyberbullying é um fator que deve ser notado na América Latina, aponta a ONG: “Os ataques físicos à profissão costumam ser acompanhados de campanhas de assédio cibernético, ou cyberbullying, realizadas por exércitos de trolls e/ou apoiadores dos regimes autoritários”.
“Esses métodos de censura online estão proliferando perigosamente e são particularmente violentos contra as mulheres jornalistas”, afirma o relatório da Repórteres Sem Fronteiras.
Um exemplo disso são os ataques direcionados à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. Em fevereiro de 2020, Patrícia foi alvo de centenas de ataques nas redes sociais depois que os depoimentos sobre CPMI das Fake News começaram a ser ouvidos no Congresso nacional.
Em fevereiro de 2020, o jornalista brasileiro Lourenço Veras, ou Leo Veras, responsável pelo portal Porã News, foi executado a tiros em sua casa na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
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Na parte norte das Américas, o documento chama atenção para a situação dos Estados Unidos, de Donald Trump. O país ocupa a 45ª posição do ranking, subindo três posições em relação ao último levantamento, mas ainda proporciona um clima tenso para os jornalistas. Difamação pública, ameaças e assédio são os obstáculos enfrentados por jornalistas estadunidenses. Em 2019, por exemplo, Trump atacou regulamente jornalistas e meios de comunicação, com ataques pessoais e acusações de “fake news”.
Além disso, três funcionários do governo de Trump foram processados sob a Lei de Espionagem de 1917 por transmitir documentos confidenciais a jornalistas.
Noruega, Finlândia, Dinamarca, Suécia e Holanda ocupam o top 5 de melhores países para a liberdade de imprensa. Os cinco piores países para a imprensa são Djibouti, China, Eritreia, Turcomenistão e Coréia do Norte.