Adriana Kátia Ferreira Garcia, 41, deixou a penitenciária na zona norte de SP após cinco anos; “foi emocionante abraçar meus filhos”, contou à Ponte
Dona Sueli Aparecida Padoveze, 47 anos, acordou cedo neste domingo (5/7). Foi ao mercado alegre. “Fiz um café de manhã digno de princesa, fiz pão queijo, requeijão, comprei tudo que ela gosta”, fala com entusiasmo. “O filho dela hoje pulou na cama e foi dar bom dia para ela”, prossegue, sem conseguir conter o riso.
Após cinco anos sem ver os filhos, a nora de Sueli, Adriana Kátia Ferreira Garcia, 41, passou a noite em casa com a família depois que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu a prisão domiciliar. Grávida de oito meses do terceiro filho, Adriana teve a liberdade negada em todas as outras instâncias. A Ponte contou sua história no dia 25 de junho. “Eu não acreditava quando me falaram que eu ia sair”, conta Adriana. “Parece que eu ficava esperando que a cada momento iam dizer que era mentira porque já negaram [a liberdade] tantas vezes”, desabafa.
A última tentativa foi recorrer ao STJ por conta da pandemia da Covid-19. Desde março, no entanto, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) elaborou a recomendação 62 que prevê medidas alternativas ao cárcere e que poderiam ser aplicadas na situação de alastramento do coronavírus. Além disso, o ministro Marco Aurelio Mello, do STF, havia recomendado a liberdade de presos considerados de grupo de risco, como as gestantes.
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Ao chegar em casa, a primeira reação que Adriana teve foi abraçar os filhos de oito e quatro anos. “Foi bem emocionante, eu não os via há muito tempo”, conta com alegria. Quando foi presa, o filho mais velho tinha apenas dois anos; já o mais novo nasceu na Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte da capital paulista, onde cumpre pena após ter sido condenada a 16 anos de prisão por tráfico de drogas. O filho ficou com a mãe até os seis meses de vida, depois passou a ser criado pela avó.
A terceira filha já tem nome. “A gente prevê que a Melissa chegue daqui a 19 dias”, conta Adriana. Ela sonha em seguir a carreira de enfermeira assim que cumprir a pena. “Na penitenciária, eu estava terminando o ensino médio e trabalhando como auxiliar de dentista. Quando finalizar, quero procurar o curso porque eu quero ajudar pessoas. É muito bom saber que com essa profissão eu posso ajudar a curar a vida de alguém”, sorri.