Jonathas Ribeiro foi preso suspeito de tráfico e o catador Kaique Alves da Silva suspeito de roubo; as prisões aconteceram em dias diferentes na zona norte de SP
Parentes do catador Kaique Alves da Silva, 27 anos, e de Jonathas Silva de Paula Ribeiro, 31, se reuniram na tarde deste sábado (15/8), na Vila Ede, zona norte de São Paulo, para questionar a prisão dos dois homens. Em protesto, argumentam que ambos são inocentes e cobraram que a Justiça reverta suas prisões, argumentando que PMs armaram para seus parentes.
O ato aconteceu na Vila Ede, zona norte da capital paulista. Cerca de 30 pessoas se juntaram em um trajeto pelo bairro. A intenção dos parentes é “acabar com injustiças”. “A favela unida está pedido Justiça, não só pelo Jonathas e o Kaique, pedimos paz para nossos filhos poderem brincar”, afirma Talita Barbosa dos Reis, 23 anos, companheira de Jonathas.
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Um dos manifestantes desabafou durante a caminhada. “Nenhum político vai fazer milagre. Esses caras não podem ter o direito de nos matar, de escolher o alvo do dia, que mãe vai ter o filho forjado”, diz, ao citar ar porções de drogas que PMs dizem terem encontrado com inocentes, o que gera prisões em flagrante por tráfico.
A Rede de Proteção e Resistência acompanha as duas famílias e contribuiu para a organização do ato.
A PM esteve no local e, após reação das pessoas às armas empunhadas, explicaram que somente fariam o controle de trânsito, não estavam para impedir o ato. A manifestação ocorreu sem interrupções.
Kaique está preso desde o dia 20 de julho, acusado de ter roubado um celular na noite do dia 19 de julho, quando uma jovem teve o aparelho tomado por um homem dentro de um ônibus da linha 1705, que faz o trajeto do Terminal Tucuruvi até o bairro São João, ambos na zona norte.
Segundo a família do homem, a filha da companheira de Kaique encontrou o aparelho no chão. Rastreamento do aparelho aponto que ele estava na casa de Kaique, onde os PMs o encontraram. A vítima e uma amiga o reconheceram como autor do crime, o que baseou sua prisão.
“A vítima procedeu a reconhecimento pessoal em sala apropriada e reconheceu com certeza o indiciado Kaique como o autor do delito”, detalhou o delegado Denis Kiss no documento que definiu sua prisão.
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Imagens de câmera de segurança mostram que Kaique e a esposa, Nayara, estavam às 21h26 na rua Nestor Veras, no Jardim São João. O vídeo mostra o momento em que a família passa pelo local, trajeto entre a casa de Kaique e da cunhada, próximo a Estrada da Cachoeira.
Em 14 de julho, Jonathas foi preso na Vila Medeiros, na zona norte da cidade de São Paulo, acusado de tráfico de drogas. PMs encontraram R$ 600 com ele e o enquadraram no crime. Familiares defendem que a droga encontrada com ele foi armação dos policiais.
Um vídeo obtido pelos parentes mostra Jonathas na adega da qual ele é um dos sócios na Vila Medeiros. A imagem mostra ele conversando e pega algo no caixa e o seu celular. Talita, sua mulher, diz que o companheiro sacara naquele dia o auxílio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no valor de R$ 600. Ele usaria o dinheiro para acertar uma multa do carro que havia vendido a um amigo.
Para os policiais militares Sandoval Galvão Santos e Danilo Santos Almeida, ambos do 5º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano, denunciado pela Ponte por investigação de “mensalão” do tráfico e morte de morador de rua, Jonathas portava 123 gramas de cocaína, maconha, crack e haxixe agachado perto de um Fusca abandonado.
As drogas e o depoimento dos policiais, somados aos R$ 600, foram suficientes para basear sua prisão. A esposa do motoboy afirma que ele não tem envolvimento com o tráfico. Garante que a droga não estava com ele, mas no Fusca abandonado, que fica na entrada da favela, cerca de 300 metros de distância de onde ele foi abordado.