Vereador e ex-PM são suspeitos de tramar morte de Marielle, aponta jornal

    Depoimento de testemunha liga vereador Marcello Siciliano às execuções; agora suspeito, parlamentar havia feito discurso emocionado sobre Marielle

    marielle franco
    Marielle discursa na Câmara dos Vereadores | Foto: reprodução Facebook

    Reportagem do jornal O Globo desta terça-feira (8/5) traz informação de que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, que cumpre pena por envolvimento com milícias, estariam envolvidos na execução da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes no dia 14 de março. Foi a primeira grande novidade no caso em mais de 50 dias de investigações. Ainda de acordo com o jornal, o parlamentar afirma não conhecer o ex-PM e chamou a notícia de “mentirosa”.

    A testemunha, que agora está protegida, já atuou com milicianos e procurou a polícia porque afirma ter testemunhado conversas entre Siciliano e Araújo, que mesmo preso em Bangu 9 ainda chefiaria uma milícia na zona oeste do Rio. Os dois teriam falado em matar a vereadora. Além disso, teria apontado nomes de quatro homens escalados para o crime.

    No dia 6/4, o vereador Marcello Siciliano foi intimado a depôr no Caso Marielle. Dois dias depois, Carlos Alexandre Pereira, de 37 anos, que colaborava com o mandato dele, foi assassinado. Uma fonte ligada ao Departamento de Homicídio informou à Ponte, à época, que as investigações partiam do pressuposto de que milicianos atuaram no homicídio de Carlos Alexandre.

    Seis dias depois do assassinato de Marielle Franco, em 20/3, Siciliano subiu à tribuna durante uma sessão plenária na Câmara dos Vereadores e dedicou um discurso à vereadora em que se dizia triste com a morte da colega. “Era uma pessoa muito bacana. Era uma mulher que tinha brilho no olhar, um sorriso incrível, uma alma boa”, afirmou.

    Marcello Siciliano, vereador pelo PHS | Foto: divulgação página no Facebook

    Para terminar, se disse solidário à dor da família de Marielle. “Fica aqui o meu carinho, a minha despedida, a minha lembrança eterna, a minha admiração por essa pessoa e a minha solidariedade com a família, com a mãe, com a filha”, afirmou. E se ofereceu para ajudar. “Vocês têm um amigo aqui nesta Casa, um braço, uma mão estendida para o que for preciso daqui para frente. Tenho certeza de que ela não fez por merecer. Tenho certeza que o que ela falava aqui no microfone…”, e interrompe o fluxo de pensamento ao lembrar o jeito bastante contundente com que Marielle se colocava na tribuna. “Errar é humano, às vezes as pessoas se colocam de forma agressiva no microfone; eu mesmo já falei diversas vezes de forma agressiva de algumas coisas que acreditei que tivessem sendo feitas de forma desleal, ou quando lutava por alguma coisa que eu achava que tinha que ser mudada, mas nem por isso se justifica fazer alguma coisa por conta de uma expressão, por conta de uma voz. Então, Marielle, fica aqui meu carinho, meu beijo, meu amor incondicional por você, minha admiração; pelo privilégio de ter convivido com você, ainda que pouco, mas de forma intensa aqui, nesta Casa”, conclui o parlamentar.

    Após a divulgação da notícia do possível envolvimento de Siciliano no crime, usuários do Facebook, em forma de protesto, enviaram mensagens na página do vereador que vão desde cobrança pela suposta responsabilidade nos assassinatos até frases como “Marielle Vive” e Quem matou Marielle?”

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