Cabo Aparecido Domingues Vieira, da Força Tática, lotado no 27o BPM, participou de quatro supostos confrontos seguidos de morte na zona sul de SP: em 2003, 2007, 2012 e 2015
O cabo da PM-SP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) Aparecido Domingues Vieira, da Força Tática, do 27o BPM (Batalhão de Polícia Militar), tem envolvimento em, pelo menos, cinco mortes em supostos confrontos com suspeitos entre 2003 e 2015. A última vítima foi Lucas Custódio dos Santos, de 16 anos, morto com três tiros na última quarta-feira (27) em um terreno baldio do Grajaú, zona sul da cidade. O roteiro dos cinco crimes, ocorridos em quatro ações, é o mesmo: revide dos policiais envolvidos e uma arma calibre 38, com numeração raspada, apreendida.
A reportagem da Ponte Jornalismo obteve, com exclusividade, o BO (Boletim de Ocorrências) de uma resistência seguida de morte que envolveu Aparecido Domingues Vieira e outros dois policiais militares e que terminou na morte de um suspeito não identificado no noite do dia 31 de março de 2012. O caso aconteceu na avenida Dona Belmira Marin, altura do número 3.400, no Grajaú. Exatamente o mesmo local onde Lucas morreu na última quarta-feira. Segundo o relato dos agentes envolvidos naquela ocasião, um suspeito invadiu a casa de um PM, levou um videogame, um relógio e um aparelho de DVD. Na fuga, ele teria atirado contra os policiais, que reagiram.
Os outros dois casos foram identificados pela Ouvidoria das Polícias de São Paulo. De acordo com o ouvidor, Julio Cesar Neves, em 4 de junho de 2003, uma pessoa, não identificada, morreu em um suposto confronto com quatro policiais militares, entre eles o então soldado Vieira, na estrada da Ponte Alta, em Engenheiro Marsilac, zona sul de São Paulo. Em uma outra ação, ocorrida em 14 de janeiro de 2007, Aparecido Domingues Vieira, lotado no 85o DP e outros dois PMs participaram diretamente das mortes de José Felipe de Souza e Ney Robson de Lima Farias, também na zona sul da cidade.
“É óbvio que não está certo manter ele [o policial]. É um caso atípico. Totalmente fora do procedimento padrão de conduta da Polícia Militar. O policial absurdamente está participando de ações com mortes e continua aparelhado com uma arma de fogo na rua”, afirmou à Ponte o ouvidor Julio Cesar Neves. “A conduta desse PM deve ser rigorosamente apurada. É um absurdo ele continuar nas ruas com esse histórico”, complementou. “Em um caso como esse, fica clara a importância da denúncia à ouvidoria. O caso de 2012, por exemplo, ninguém denunciou.”
A reportagem da Ponte Jornalismo procurou a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo pedindo explicações sobre o caso e uma entrevista com o policial para que ele pudesse se defender. No primeiro e-mail enviado, na madrugada de quinta-feira (28/05), a PM afirmou, duas horas depois, que “em nome da transparência que lhe é peculiar” iria responder “dentro da razoabilidade, assim que dispusermos dos dados a respeito”. Os outros três e-mails enviados foram ignorados pela corporação e pela pasta.
Colaborou Rafael Bonifácio
O. PM deveria ter o que no currículo ? Parto ?kkkk