Pacote com mais de 4 kg de crack apreendido é violado em delegacia de SP

    Droga foi apreendida há dez anos pela mesma equipe responsável por apreensão de meia tonelada de maconha que seria incinerada na semana passada e acabou trocada por tijolo baiano

    Policiais junto aos invólucros com a droga trocada | Foto: Arquivo Pessoal

    Uma embalagem com 4,5 kg de crack apreendidos em 2009 apareceu violada dentro de uma delegacia da zona norte de São Paulo. O saco plástico com lacre violado estava no 90º DP (Distrito Policial), localizada no Parque Novo Mundo, mesmo local onde na quinta-feira (14/3) foi descoberta a troca de 593 kg de maconha, que deveriam ser incinerados no dia seguinte, por tijolo baiano e outros materiais de construção.

    A ocorrência da semana passada fez com que a diretoria do DECAP (Departamento da Polícia Judiciária da Capital) determinasse a realização de um inventário dos pacotes de drogas apreendidos e lacrados que estão armazenados nas dependências de todas as delegacias de São Paulo. Nesta quarta-feira (20/3), o levantamento estava sendo feito no 90º DP, onde um policial encontrou um saco de crack com lacre totalmente violado. A apreensão da droga datava de 7 de novembro de 2009.

    No registro da ocorrência não está determinado quanto da droga foi retirada da embalagem plástica, tampouco se, como ocorreu na semana passada, o conteúdo foi substituído por outro. No entanto, uma fonte ouvida pela Ponte garantiu que também houve substituição do entorpecente por tijolo.

    Drogas que são objeto de apreensão só podem ser incineradas por decisão judicial. Por essa razão, geralmente há um longo intervalo entre a apreensão, o desfecho da investigação e até mesmo o julgamento final do caso, passando por todas as instâncias do sistema de justiça.

    A Corregedoria da Polícia Civil ainda apura o desaparecimento de 593 quilos de maconha, ocorrido menos de uma semana atrás, que haviam sido apreendidos em 14 de maio de 2013. A investigação pretende saber se os policiais que fizeram a operação têm alguma ligação com a troca do entorpecente por tijolos.

    A reportagem questionou a SSP (Secretaria da Segurança Pública), comandada pelo general João Camilo Pires de Campos neste governo de João Doria (PSDB), que informou, em nota*, que a Corregedoria da Polícia Civil já está apurando a divergência na quantidade de drogas apreendidas no distrito policial.

    A Ponte também questionou a pasta sobre a demora entre apreensões e incineração do material. “Sobre o processo de incineração de entorpecentes, a Polícia Civil passou a adotar o disposto no provimento 2.482/2018, no qual o Tribunal de Justiça autoriza a destruição dos entorpecentes apreendidos para diminuir a quantidade de droga armazenada nas unidades policiais”, diz a nota.

    *Reportagem atualizada às 12h30 do dia 22/3

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