Um dos principais guerreiros pelos direitos humanos no Brasil, bispo morreu neste sábado aos 92 anos
Profeta, poeta, irmão de todos. É assim que o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, define o bispo Pedro Casaldáliga, um dos principais nomes na luta pelos direitos humanos do Brasil, que morreu neste sábado (8/8), em decorrência de problemas respiratórios, aos 92 anos.
Dom Pedro se foi no dia em que o Brasil atingiu 100 mil mortos na pandemia do coronavírus, justo ele que “lutava contra o genocídio”, lembra Lancelotti. “A morte dele nesse dia é uma denúncia de um genocídio que ataca os povos indígenas, os quilombolas e as periferias”, diz.
Dom Pedro atuava como bispo emérito na diocese de São Félix do Araguaia, cidade a 1,149 km de Cuiabá, no Mato Grosso. Dedicou sua vida à luta pelos direitos povos indígenas e contra a violência de grileiros, madeireiros, garimpeiros e grandes produtores rurais.
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Nascido na Espanha, em 1928, o bispo chegou ao Brasil em 1968, durante a ditadura militar, da qual foi um duro opositor. É um dos fundadores do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Lancelotti lembra que o país vive um momento de frequentes ataques aos direitos humanos, principalmente contra os indígenas e os quilombolas, por quem Dom Pedro tanto lutou.
“Quando se ataca um direito humano se está atacando a outros. É um momento muito importante de lutarmos pela vida com dignidade como Dom Pedro fazia, sempre estando ao lado dos mais pobres”, afirma.
“Dom Pedro é irmão de toda vida, da humana e da natureza, sem nenhuma discriminação e preconceito. Ele é o poeta que canta a vida e descreve a dor, que anuncia a esperança e o amor. Será imortal, porque quem ama não morre jamais”, completa.