Segundo testemunha, policiais abordaram garoto de 14 anos e deram tapa no rosto de quem questionou a ação; um agente ficou ferido na cabeça
Policiais militares balearam dois homens e feriram um adolescente durante abordagem na Brasilândia, zona norte da cidade de São Paulo, na tarde do dia 29 de abril. A versão oficial é de que um deles tentou pegar a arma de um dos policiais, o que é desmentido por familiares das vítimas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, administrada pelo general João Camilo Pires de Campos neste governo João Doria (PSDB), os PMs enquadravam um homem quando outro tentou tirar o revólver calibre .40 de suas mãos.
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Ainda de acordo com a fala dos policiais, a tentativa de desarmá-lo gerou “um tumulto” e tanto a pessoa abordada quanto a que teria investido contra o PM foram baleadas.
Moradores registraram a ação. Em um vídeo é possível ver um homem já imobilizado no chão, enquanto um policial o domina e ordena que as pessoas no entorno não se aproximem.
Em outra cena, um dos homens está caído ao lado da porta do carona, do lado direito da viatura, e o outro próximo à traseira do veículo. A placa do carro é CUN8192.
Na imagem, um dos policiais exige ver o documento de quem está filmando a prisão de um dos baleados. Ele não explica o motivo de querer a identificação das pessoas.
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Na ação, ainda conforme posicionamento da secretaria, um dos policiais que atuaram na ocorrência ficou “ferido na cabeça”.
Familiares das vítimas dão explicação diferente para o caso. Segundo eles, os policiais abordaram um adolescente de forma truculenta. Quem presenciou a cena foi questionar a violência e também foi agredido.
“Os policiais chegaram com violência no garoto de 14 anos. Um dos rapazes falou ‘não precisa disso’ e levou um tapa na cara quando abordado pelo PM”, conta um familiar da vítima, que não terá o nome divulgado por questões de segurança.
O homem agredido teria revidado a agressão, se “atracado” com o PM que, nesse instante, atirou no homem. “Um outro, que estava longe, também questionou a ação e levou um tiro no pé”, continua. “Tem dois baleados e o outro que eles bateram”, resume.
Quem mora na rua em que aconteceu a abordagem relata que policiais estiveram na região depois da ocorrência. “Um deles foi lá e tentou invadir a casa de madrugada”, denuncia. “Da forma que estão falando, o bicho vai pegar”.
A Secretaria de Segurança explicou que dois dos policiais envolvidos na ocorrência estão afastados do serviço nas ruas, atuando em área administrativa enquanto ocorre a investigação do caso. Eles recebem seus salários normalmente.
A Ponte buscou, por telefone, um posicionamento do advogado que acompanha os dois baleados e o adolescente, solicitando sua versão. No entanto, o defensor pediu que as respostas fossem encaminhadas por e-mail e ainda não respondeu.