PM mata jovem durante ação desastrosa no interior de São Paulo

Polícia teria sido chamada por denúncia de tráfico de drogas mas constatou que era questão de “perturbação de sossego” em Laranjal Paulista neste domingo (13). Vídeo registra três disparos feitos por PM

O jovem Luiz Fernando Camargo, 18 anos, foi morto com três disparos efetuados por um policial militar na madrugada do último domingo (13/3), após uma abordagem feita no distrito de Laras, no município de Laranjal Paulista, no interior do estado de São Paulo. A morte do rapaz ocorreu em frente de amigos e parentes, e foi registrada em vídeo.

Pelas imagens é possível ver duas viaturas da PM e policiais militares chegando ao local com truculência. Um deles joga spray de pimenta contra a população, enquanto saca uma pistola e aponta contra as pessoas, que entram em desespero. O vídeo mostra o momento que Luiz Fernando é imobilizado e levado para trás de uma das viaturas.

Uma mulher grita pedindo para que os policiais soltem o jovem, alegando que ele é trabalhador. As imagens não mostram o momento que Luiz Fernando é alvejado, mas é possível ouvir os três tiros que foram disparados contra ele. Nesse momento as pessoas que presenciam a ação policial se dividem entre pânico e revolta. Cadeiras são arremessadas e chutes são dados nas viaturas antes de a polícia deixar o local. 

Segundo o G1, no boletim de ocorrência da ação, os policiais afirmam que Luiz Fernando foi baleado no peito quando tentou pegar a arma de um dos policiais. Um outro PM, ao ver a situação, efetuou os disparos que levou a vítima à morte. A Polícia Militar foi chamada ao local após receber uma denúncia de tráfico de drogas. Porém, ao chegar ao local a equipe constatou que se tratava de um caso de perturbação de sossego e teriam pedido para os moradores reduzirem o volume da música.

Para Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e associado pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as imagens não deixam claras as motivações que levaram o policial a puxar o gatilho contra Luiz Fernando Camargo, mas é possível questionar o tipo de ação feita pelos agentes públicos naquela situação.

“Podemos dizer que no mínimo foi uma ação atabalhoada. A impressão que dá pela revolta da população nas imagens é que a situação poderia ter sido resolvida de outra forma. Se realmente houve algum tipo de reação do rapaz quando foi detido, a utilização de de um taser (arma de choque elétrico) poderia ter sido a melhor solução”.

O professor ainda lembra da importância de parte da ação ter sido registrada em vídeo pelas pessoas que estavam no local. Segundo ele, esse é um artifício válido que a população tem para assegurar seus direitos em casos de abusos policiais. “É um direito que a população tem e é fundamental que ela faça isso. A gente precisa de total transparência nas ações policiais, ainda mais quando há o caso de perda de uma vida”.

Através de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que os policiais envolvidos na ação foram afastados das suas funções e que o caso está sendo investigado tanto pela Polícia Civil, quanto internamente pela Polícia Militar.

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“Todas as circunstâncias relacionadas aos fatos estão sendo apuradas por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu. Os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados do serviço operacional e as armas foram encaminhadas à perícia. A Polícia Militar também investiga o caso por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). Outros detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial” informa a nota.

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