PM termina com batalha de rimas a tiros no RJ

Vídeo mostra que o local estava repleta de crianças e adolescentes no momento de ação policial em Cabo Frio na noite desta quinta (5). ” Infelizmente são ações corriqueiras das policiais em regiões periféricas”, lamenta advogado

Tiros disparados por policiais militares do Rio de Janeiro acabaram com uma batalha de rimas que ocorria na quadra da comunidade Manoel Correa, na cidade de Cabo Frio, na Região dos Lagos, na noite desta quinta-feira (5/5). No momento, o local estava cheio de crianças e adolescentes que participavam da atividade. Vídeos feitos pela comunidade mostram que os PMs atiraram em direção aos jovens.

Nas imagens é possível ouvir o barulho de tiros e ver ao menos três policiais agredindo um rapaz dentro da quadra. Em um outro momento, um dos PMs faz três disparos em direção a um grupo que está perto de uma parede. Com a ação dos agentes de segurança, mulheres e crianças correm em desespero tentando fugir dos tiros efetuados pelos PMs.

“A gente promove essa batalha de rima na comunidade que é carente de tudo, inclusive de cultura. Fazemos outras atividades como essa em outros locais de Cabo Frio e ontem foi a primeira vez que fizemos na Manoel Correa. Queremos promover coisas que são dever do Estado e ele vem, por meio da polícia, e coíbe”, conta o ativista social Elenilton da Conceição, conhecido como Ting.

Os organizadores do evento afirmam que os tiros danificaram o equipamento de som e que os policiais teriam xingando os participantes de “maconheiros”, dizendo ainda que o estilo musical que estava sendo tocado não era cultura.

“A partir do momento que os policiais abriram fogo, os equipamentos foram desligados e ainda assim os PMs atiraram pra cima dos equipamentos fazendo com que o som fosse danificado pois teve munição que atravessou a caixa de som. Tiros foram mirados para a mesa de som também, mas os militares estavam tão alterados que não conseguiram acertar nenhum”, diz uma nota redigida pelos organizadores do evento.

Nesta sexta-feira (6/5), moradores da comunidade Manoel Correa retornaram à quadra para fazer uma manifestação pedindo punição para os PMs envolvidos na ação e reivindicando que a batalha de rimas possa acontecer no local  sem que seja reprimida pelas forças de segurança.

Para o advogado e especialista em políticas de direitos humanos e segurança pública pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Ariel de Castro Alves, o sentimento de impunidade dos policiais é o que faz com que eles ajam dessa forma em regiões periféricas das grandes cidades.

“Aparentemente temos nas imagens flagrantes de abusos de autoridade, ameaça, tentativa de homicídio e tortura contra jovens e adolescentes que estavam ali na quadra da comunidade. Os policiais aparentam estar bem alterados e promovem ofensas e ameaças aos moradores. Infelizmente são ações corriqueiras das policiais em regiões periféricas, bem diferentemente de como atuam em regiões nobres das cidades. Essa certeza da impunidade é que favorece que esses atos se repitam com frequência”, comenta o advoogado.

O que diz a polícia

Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que os policiais envolvidos na ação serão ouvidos no próprio batalhão dos quais fazem parte e que está apurando os fatos, porém não respondeu se os PMs continuarão trabalhando nas ruas normalmente ou se serão afastados no momento. 

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“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que um procedimento interno foi instaurado para apurar a situação ocorrida na Praça do bairro Manoel Corrêa, em Cabo Frio, na noite de quinta-feira (05/05). Os policiais militares envolvidos na ocorrência estão sendo ouvidos na sede do batalhão local”, diz o comunicado.

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