Após a violência, policiais militares liberaram jovens e prometeram voltar para matar um deles
Policiais militares abordaram e espancaram dois jovens, sendo um conhecido como Lelo, 24 anos, e o outro C., de apenas 13, por volta das 12h30 da última sexta-feira (28/10), no Parque Santa Madalena, periferia da Zona Leste de São Paulo. De acordo com testemunhas, quatro viaturas da PM, uma de placa DJM-4531, chegaram no bairro procurando por Lelo, o acusando de ser um “irmão”, como são conhecidos os membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com K., 37 anos, que acompanhou toda a ação da polícia que ocorreu em frente à sua casa, Lelo, C. e outros quatro homens estavam conversando e brincando com uma bola quando as viaturas chegaram e todos foram abordados. Depois de fazerem a revista e verificaram que nenhum deles portava nada ilícito, os quatro homens ficaram de canto, enquanto C. e Lelo começaram apanhar. “Eles disseram que por causa do Lelo todo mundo ia morrer, e ficavam falando que ele era ‘irmão'”, lembra K.
A moradora, contudo, não sabe por que o outro escolhido pelos policiais para ser espancado foi C. “Ele é uma criança. Não tinha nenhum motivo para bater nele. Ele só tava brincando com a bola na rua”, explica.
Os jovens foram espancados por seis policiais durante cerca de uma hora. “Eles davam tapa na cara e murro na barriga do C., e batiam a cabeça do Lelo na parede”, explica a vizinha. Inconformada com a situação, K. se dirigiu a um policial para pedir para não baterem mais nos jovens, no entanto, segundo ela, o PM disse que se ela não saísse de lá iria apanhar também.
Depois de ameaçada, K. foi chamar outros moradores para acompanhar a sessão de espancamento e tentar intervir de alguma forma. Um outro morador do bairro acredita que se os moradores não tivessem pressionado, ou se os jovens tivessem com algum entorpecente, os PMs os levariam e matariam.
Por volta das 13h30, os policiais militares decidiram liberar os jovens, entretanto, segundo os moradores, alertaram que voltariam para matar o Lelo.
Com medo, os jovens não registraram boletim de ocorrência e Lelo, apesar de achar que está com o nariz quebrado, não quis ir ao hospital.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a CDN Comunicação, empresa contratada pela quarta gestão do Governador Geraldo Alckmin para prestar o serviço de assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, não respondeu às seguintes questões:
A viatura placa DJM-4531 da Polícia Militar deveria estar, com mais outros três veículos da PM, no Parque Santa Madalena por volta das 12h30 da última sexta-feira (28)?
Quem eram os policiais que estavam nessa viatura?
Havia alguma ocorrência para o local?
Qual o posicionamento da SSP-SP sobre possível acusação feita por PMs de que o jovem identificado como Lelo, morador do Parque Santa Madalena, é integrante do PCC?
Qual o posicionamento da SSP-SP sobre espancamento de PMs a dois jovens, 13 e 22 anos, no Parque Santa Madalena, na sexta-feira (28), conforme moradores denunciaram à reportagem?
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