André Luis Loureiro da Silva, Marcos Vinicius dos Santos e William Silva Santiago estão desaparecidos desde 2014. Marcos recebeu choque elétricos no pênis. William foi trancado em uma geladeira ligada.
A Polícia Civil de São Paulo emitiu um alerta geral no Estado para tentar localizar três homens que foram vítimas de tortura pratica por policiais militares da Rota e que estão desaparecidas.
No dia 24/07, o delegado Zacarias Katzer Tadros, da 3ª Delegacia de Homicídios Múltiplos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) emitiu nota dirigida a todos policiais civis de São Paulo. Nela, o delegado pede que, caso algum dos torturados e desaparecidos seja localizado ou identificado, ele seja imediatamente informado.
A nota do delegado cita a apuração do crime de tortura contra André Luis Loureiro da Silva, Marcos Vinicius dos Santos e William Silva Santiago e que tem como investigados três PMs da Rota.
Os três homens foram acusados pelos militares de ter matado o delegado de polícia Antônio Cardoso de Sá em outubro de 2013, mas nenhum deles foi reconhecido por testemunhas. Meses depois, o verdadeiro autor do crime contra Sá foi identificado como Wallace de Paula Silva e foi preso.
Durante o interrogatório clandestino, que durou sete horas e foi no interior da residência de André, os PMs espancaram e torturam física e psicológica os três homens.
William, portador de esquizofrenia, chegou a ser trancado no interior de uma geladeira. O outro, Marcos, recebeu choques elétricos na região do pênis e das coxas e só pararam porque o disjuntor de energia chegou a derreter. Um laudo inédito do IML (Instituto Médico Legal) comprovou a tortura.
Dois militares da Rota já foram indiciados pela tortura. São eles o então tenente Vinicius Manetti, posteriormente promovido a capitão, e o soldado Júlio Cesar Alva Balestrim. A Polícia Civil deverá indiciar o outro policial que, até semana passada, se encontrava de licença médica.
Os três PMs continuam trabalhando normalmente, segundo nota da Secretaria de Segurança Pública. Em depoimento à Polícia Civil, os PMs negam as torturas.
Arles Gonçalves Junior, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) SP e que acompanhou os depoimentos, qualificou os atos como lastimáveis e reforçou a intenção de acompanhar o caso até a instauração da ação penal para responsabilizar torturadores.
Gonçalves Junior lembrou também que os crimes de tortura não prescrevem e devem ser punidos com rigor para não manchar a credibilidade das instituições e da democracia.