Policiais civis agridem mulher e a fazem pedir desculpas por ter apanhado

    Agressão aconteceu em barco que liga município de Portel, na Ilha de Marajó, à capital Belém (PA); vítima conta que não consegue dormir pelo trauma das agressões

    Três mulheres foram agredidas por policiais civis, sendo dois investigadores e um escrivão, na tarde desta quarta-feira (16/12) em barco que ia de Portel, na Ilha de Marajó, com uma parada em Breves, até Belém, no Pará.

    A agressão foi filmada por outros passageiros. Nas imagens, é possível ver as agressões e ofensas, que só pararam quando o responsável pelo navio interferiu. A confusão começou após uma das mulheres, que é moradora de Belém e estava no interior para cuidar dos pais, teria pedido para que outra passageira afastasse um pouco a rede, para evitar aglomeração. Um homem que seria namorado dessa mulher, então, teria se identificado como policial e começou a ofender e xingar a senhora.

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    As imagens mostram tapas, socos, empurrões, além de muitos gritos e humilhações. Um dos policiais civis repete para a vítima “você tem dois minutos para sair daqui se não eu vou te levar a força, isso é uma ordem direta, você vai sair presa daqui”, enquanto a mulher alega que não fez nada. “Se você não acatar, eu vou te prender”, insiste o policial.

    A mulher tenta se explicar e o policial retruca “foda-se a sua história” e aí começa a agredi-la. Mais duas mulheres foram agredidas pelos policiais. Em determinado momento, um dos policiais saca uma arma e a primeira mulher é arrastada pelo cabelo e jogada no chão. Ele grita por socorro. Em um último vídeo, já gravado em terra, ela pede desculpas aos policiais, aparentemente a pedido dos mesmos.

    Segundo a Segup (Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social), os policiais trabalham na cidade de Portel, em Marajó, e foram afastados das funções, além de serem atuados por abuso de autoridade de lesão corporal. Os policiais foram afastados, tiveram suas carteiras funcionais e armamentos retirados e responderão a procedimento administrativo.

    Para a pasta, a postura dos policiais foi “inadequada e excessiva”. Segundo o blog As Falas da Pólis, um dos investigadores é Rodrigo Oliveira de Almeida e o escrivão é Anderson Neves Garcia. A Segup não confirmou as identidades à Ponte, mas afirmou que eles pagaram fiança, como prevê a lei para crimes que não somam quatro anos de penalidade.

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    Helder Barbalho (MDB), governado do Pará, se manifestou via Segup. “Inaceitável e lamentável a postura de três policiais ocorrida dentro de uma embarcação, ontem, em Breves, no Marajó. O Governo do Estado não irá tolerar esses tipos de excessos. Por isso, já pedi urgência na apuração do caso para a Polícia Civil, o afastamento dos envolvidos e que eles sejam devidamente responsabilizados pelo crime. Minha irrestrita solidariedade à família”.

    Ualame Machado, secretário de Segurança Pública e Defesa Social, também se manifestou. “Primeiramente é lamentável o episódio ocorrido dentro da embarcação no Marajó, fato dessa natureza não caracterizam atuação de quaisquer das forças de segurança do Estado”.

    À Ponte, a vítima, uma autônoma de 37 anos que não será identificada, disse que está muito abalada e que o trauma das agressões foi grande, por isso irá procurar ajuda psicológica. “A gente não consegue dormir”. Ela também informou que está com um advogado e que o caso foi registrado nas delegacias de Breves e Belém. Na delegacia de Breves, a mulher foi obrigada a gravar um vídeo, ao lado dos policiais, pedindo desculpas.

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    A filha da vítima, uma universitária de 18 anos, contou à Ponte que a mãe esteve recentemente com coronavírus. Apesar de já estar curada, ainda sente falta de ar e fadiga. A vítima estava a caminho de Belém para uma consulta médica para verificar uma possível hemorragia. A reportagem tentou contato com a defesa dos policiais e com a mulher que seria namorada de um deles e aguarda resposta.

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