Por falta de provas, Justiça manda soltar Jonathas, mas não vai devolver seus R$ 600

    Motoboy ficou preso por seis meses, depois de ter sido abordado pela Polícia Militar e ser apontado como traficante de drogas, na zona norte de SP

    Jonathas foi preso por tráfico de drogas, mas família afirma que ele é inocente | Foto: Arquivo pessoal

    O juiz Marcos Vieira de Morais, da 26ª Vara Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), absolveu o motoboy Jonathas Silva de Paula Ribeiro, 31 anos, na última sexta-feira (29/01), seis meses depois de ele ter sido preso apontado pela Polícia Militar como traficante de drogas na Vila Medeiros, na zona norte da cidade de São Paulo.

    O motoboy foi preso enquanto estava na adega onde é sócio. Segundo a família, ele estava com R$ 600 no bolso, que havia recebido do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o celular. Para os policiais militares que o prenderam, o dinheiro era fruto da venda de drogas. Testemunhas ainda apontaram que os PMs implantaram entorpecentes para atribuir ao Jonathas.

    Na audiência, a Justiça absolveu Jonathas, mas decidiu por não devolver seu dinheiro pois, segundo consta na sentença, “o acusado não consignou ser seu proprietário, havendo divergência nos valores apresentados em solo policial com aquele que o réu teria afirmado contar”. O juiz determinou que o dinheiro seja revertido ao Funad (Fundo Nacional Antidrogas).

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    O motoboy deve deixar o Centro de Detenção Provisória Belém I, na zona leste, na próxima segunda-feira (1/2). Desde a audiência, na qual foi ouvida como testemunha, Talita Barbosa dos Reis, 23 anos, esposa de Jonathas, não consegue comer direito, e diz estar emocionada e ansiosa para a volta dele à casa.

    “Eu fiquei muito emocionada na hora que vi a justiça sendo feita, porque provamos que ele era inocente. Mostramos que preto e favelado também trabalha, e na comunidade tem gente de bem”, conta Talita.

    O filho do casal, de cinco anos, também vai receber o pai na volta para casa, mas por enquanto ele não sabe de nada. “Eu não falei para o meu filho porque quero ver o rostinho de felicidade dele quando o pai dele chegar”.

    Com relação ao dinheiro apreendido, o Ministério Público já havia considerado difícil o motoboy reaver por causa do depoimento de um amigo de Jonathas, que também havia sido abordado e teria indicado outros valores.

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    Em depoimento no 73º DP (Jaçanã), a testemunha afirma que estava conversando com Jonathas na rua onde mora para resolver pendências que tinha da documentação do carro que havia comprado com o motoboy. A abordagem teria acontecido durante a conversa deles, antes de receber os valores referentes a pendências na documentação do veículo.

    A testemunha afirma que nada de irregular foi encontrado com nenhum dos dois após a revista. Os policiais, então, os levaram para outra viela, onde foram separados. Os valores que os dois falaram para Polícia Civil, no entanto, não batiam, por isso a Justiça decidiu por não devolver.

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