Prefeitura define agressão de guardas na Luz como ‘inaceitável’ e abre investigação

    Moradores filmaram GCMs agredindo homem caído com chutes em ação violenta; guardas foram afastados das funções mas seguem recebendo salário normalmente

    Três GCMs (Guardas Civis Metropolitanos) de São Paulo cercam um homem caído e o agridem com chutes e golpes de espingarda. A cena foi gravada na região da Luz, centro da capital paulista, na tarde de quinta-feira (24/9). Os três foram afastados pela “inaceitável violência”, segundo a Prefeitura de São Paulo, comandada por Bruno Covas (PSDB).

    Era por volta de 17h30 quando ocorreu uma nova operação da guarda. O vídeo registra quando dois deles chegam no homem, que está caído. Um agente dá o primeiro chute, enquanto o segundo dá um golpe mais forte. Um terceiro guarda chega e nada faz para evitar a truculência.

    Outro deles ainda dá golpes com sua espingarda na cabeça e nas costas da pessoa, que mal consegue se mover. Um dos GCMs inicia a imobilização, mas depois desiste de prendê-lo. Em nota à Ponte, a Prefeitura explicou que o afastamento do serviço operacional foi imediato.

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    “Um processo interno para apuração dos fatos foi aberto assim que o Comando da GCM tomou conhecimento da ocorrência e, após a conclusão, será encaminhado para a Corregedoria da corporação”, diz o documento enviado à reportagem.

    Operações constantes

    Nas últimas semanas, moradores relatam testemunhar maior violência por parte dos guardas na Luz devido a vídeos de pré-candidatos às eleições municipais de novembro.

    A Ponte divulgou quando a guarda investiu contra o fluxo (aglomeração de usuários de drogas) em 4 de setembro, um dia depois de um ex-policial civil ser esfaqueado no local.

    No dia 12, a reportagem mostrou depoimentos de moradores sobre as gravações de políticos, que incentivaram as ações violentas. Arthur do Val, o Mamãe Falei, candidato a prefeito, e Carlos Alexandre Braga, candidato a vereador, ambos pelo Patriota, têm feito lives na região.

    Nesta quinta-feira, a GCM agiu no mesmo horário em que sempre acontece a limpeza das ruas, conforme moradores da região contam à Ponte. Dessa vez, no entanto, a ação durou horas, com violência, bombas e o revide com rojões jogados por quem estava no fluxo.

    “Começou 17h30 e ficaram até 1h com bombas e agressões”, explica Flávio Falcone, médico ativista que atua junto aos dependentes químicos na Luz.

    Segundo ele, a cena em que o homem é chutado repete a agressividade de guardas que atuam diariamente no bairro. Sobre a agressão, diz ainda não ter conhecimento de quem seja a vítima, nem seu estado de saúde.

    “A cena é muito mais comum do que se imagina, estou lá desde 2012 e vi muitas vezes. Praticamente toda ação tem essa violência, a diferença de ontem é que alguém conseguiu filmar”, explica.

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    Quem estava na Luz no momento em que a GCM atacou o fluxo conta ter sido por causa de rojões lançados pelas pessoas. No entanto, revela ser uma resposta à brutalidade dos últimos dias.

    “Um pessoal estava na [rua] Dino Bueno e começou a jogar rojão em resposta. Tem guarda que, quando o fluxo desce, fica em frente provocando, com cara séria e apontando arma. Causa muita tensão”, diz uma mulher, pedindo anonimato.

    Ela explica ter ajudado a evitar uma ação ainda mais violenta. Isso porque os guardas prometeram investir com agressividade após uma nova leva de rojões.

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    A situação aconteceu a rua Helvetia, quando o fluxo retornava para próximo da estação Júlio Prestes da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

    “Teve mais fogos, o pessoal correu e a Iope (tropa da GCM) entrou com tudo. ‘Eles jogaram os rojões e vamos meter bala’, ameaçou um guarda. Graças a Deus conseguimos contornar e o pessoal voltou para a praça”, recorda.

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