Recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Oeste de SP, Eduardo Lapa é investigado pela PF sob a suspeita de levantar endereços de agentes penitenciários de presídios federais assassinados a mando da facção
O preso Eduardo Lapa, recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Oeste do Estado de São Paulo, é investigado por suspeita de levantar endereços de agentes penitenciários de presídios federais assassinados a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo a Polícia Federal, a facção criminosa paulista, a maior do País, mandou matar três agentes penitenciários em represália a castigos impostos a seus líderes que cumprem pena em presídios federais. A PF apurou que os endereços dos agentes assassinados foram levantados por Eduardo Lapa, há dois anos, quando ele estava na rua.
Policiais da PF disseram que Lapa levantou os endereços e a rotina das vítimas, e repassou as informações para outros integrantes do PCC nas ruas, recrutados pela organização criminosa para executar os agentes. Uma das vítimas foi Henry Charles Gama Filho, 50 anos, morto a tiros em um bar em Mossoró, no Rio Grande do Norte. O crime aconteceu em 12 de abril deste ano. Gama Filho trabalhava no Presídio Federal de Mossoró.
Ontem (19/07), a Polícia Federal de Mossoró deflagrou a Operação Força e União com o objetivo de desarticular o plano do PCC de matar mais agentes. De acordo com a PF, a facção pretendia executar ao menos dois servidores de cada um dos quatro presídios federais.
Foram cumpridos ontem quatro mandados de prisão em São Paulo. Um deles foi expedido em desfavor de Eduardo Lapa. Considerado homem da cúpula do PCC, Lapa cumpre pena na P2 de Presidente Venceslau. Apesar de ser considerado criminoso de alta periculosidade, ele estava em liberdade em 2015, quando, segundo a PF, levantou o endereço dos agentes.
Em novembro de 2015, Lapa foi preso pela polícia paulista em Salto, no Interior de São Paulo, onde morava em um condomínio de luxo. Condenado a pelo menos 53 anos por sequestro, roubos e furtos, ele também havia sido colocado em liberdade condicional em uma outra oportunidade. Foi em dezembro de 2009, quando cumpria pena em regime semiaberto e recebeu o benefício de passar o Natal e Ano Novo em casa. Ele não retornou da saída temporária e foi recapturado em janeiro de 2010.
Ainda segundo as investigações da PF, o PCC também é suspeito de mandar matar outros dois agentes penitenciários federais. Alex Belarmino Almeida Silva, 35 anos, foi executado com 18 tiros em 29 de setembro do ano passado. A psicóloga Melissa Almeida, 37 nos, foi executada em 25 de maio deste ano. Os dois crimes ocorreram em Cascavel, no Paraná. As vítimas trabalhavam na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
O preso Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, é apontado pela Polícia Federal como o mandante da morte de Alex Belarmino Silva. A PF investiga se foi Tiriça quem deu a ordem também para as execuções de Henry Charles Gama Filho e da psicóloga Melissa Almeida.
Considerado um dos líderes do PCC, Tiriça também cumpria pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Em 16 de novembro de 2012, ele foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), sob a acusação de ter ordenado as mortes de policiais militares em São Paulo.
O preso foi acusado ainda de ter cometido várias faltas disciplinares graves nas unidades federais. Por conta disso, foi isolado no castigo em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Tiriça é constantemente transferido para outras unidades. Já ficou preso nos presídios federais de Porto Velho, Mossoró e Catanduvas.
Além dele, também cumprem pena em presídios Federais Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e Eric Oliveira Farias, o Eric Gordão. Todos são apontados pelo MPE (Ministério Público Estadual) como homens do primeiro escalão do PCC e, por causa da transferência deles da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, para outros estados, o PCC passou a impor o terror nos presídios federais, como antecipou a Ponte Jornalismo em 26 de junho deste ano.