Presos 3 policiais suspeitos de matar adolescente indígena na Bahia

Em em 4 de setembro, 10 homens armados invadiram a Terra Indígena Comexatibá, jogaram bombas de gás lacrimogênio, fizeram disparos e assassinaram o adolescente Gustavo

Gustavo Conceição da Silva, adolescente indígena morto, lutava pela sobrevivência dos pataxó | Foto: Reprodução/Facebook

Pouco mais de um mês depois da morte do adolescente indígena de etnia pataxó Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, três policiais foram presos, na última quinta-feira (6), sob suspeita de terem participado do homicídio durante a ação violenta na cidade de Prado, no sul da Bahia, em 4 de setembro. 

As prisões ocorreram como parte da Operação Tupã, realizada por meio de parceria entre Polícia Federal e Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Além das prisões ocorridas em Teixeira de Freitas, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em outros dois municípios, Itamaraju e Porto Seguro. 

Conforme nota conjunta da Licenciatura Intercultural de Educação Escolar Indígena, do Centro de Estudos e Pesquisas Intercultural e da Temática Indígena e do Campus X da Universidade do Estado da Bahia, a ação de 4 de setembro resultou em dois adolescentes baleados, sendo que Gustavo morreu. “Mais um absurdo promovido pela barbárie do latifúndio no extremo sul da Bahia”, disse a nota. 

O outro adolescente ferido na ação policial, de acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), tem 16 anos e foi atingido por um disparo no braço. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não chegou a correr risco de morrer. 

Conforme testemunhas relataram ao Cimi, mais de 10 homens armados, usando dois carros, chegaram na terra indígena Comexatibá pouco depois das 5h da manhã efetuando disparos de arma de fogo e atacando bombas de gás lacrimogêneo. Depois da ação violenta, os próprios indígenas registraram imagens do local, e apontaram mostraram cápsulas de diferentes calibres. 

Indígenas do local disseram que o tiro que acertou o adolescente de 16 anos atravessou o braço, enquanto o disparo que tirou a vida de Gustavo acertou na nuca do garoto. 

O ataque aconteceu dois dias depois do povo pataxó ter retomado a área de uma fazenda denominada de São Jorge, que fica no interior da área identificada e delimitada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 2015 como parte da Terra Indígena Comexatibá. 

Segundo o Cimi, “com processos demarcatórios travados por anos, os indígenas enfrentam a falta de espaço para subsistência e o aumento dos conflitos, enquanto veem empreendimentos imobiliários e monocultivos avançarem sobre seu território”. 

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Apesar a informação sobre a prisão dos três policiais militares pela morte de Gustavo, a Polícia Federal diz não poder dar mais informações sobre as investigações do caso porque o processo segue em segredo de Justiça. A Operação Tupã ainda apreendeu armas, notebook, celular e material biológico, que podem auxiliar nas apurações.

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