Principal líder do PCC nas ruas não consta em sites de mais procurados pela polícia

    Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, é apontado pelo MP como braço direito de Marcola, considerado o líder máximo do PCC, que foi transferido para presídio em Brasília

    Fuminho comanda o tráfico de drogas e estaria na Bolívia ou na Colômbia, segundo o MP  | Foto: Reprodução

    Ele é o principal traficante de drogas do país, “dono” da Favela Heliópolis, a maior de São Paulo, braço direito e gerente dos negócios de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MP como chefão do PCC, o primeiro brasileiro a chefiar um cartel de cocaína e está foragido há 20 anos e dois meses. Seu nome: Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Idade: 48 anos

    Apesar do vasto currículo criminal, os dados de Fuminho, o traficante de drogas mais procurado do país e o principal integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) ainda solto, não constam na relação dos criminosos mais procurados no site da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Foi no estado onde a facção surgiu e expandiu suas influências no mundo do crime Brasil e América do Sul afora.

    O nome de Fuminho também não aparece na sessão de alerta vermelho do site da Interpol (Polícia Internacional). Segundo o Ministério Público Estadual, há duas décadas ele vem gerenciando todas as atividades de o Marcola, o líder máximo do PCC, recolhido na Penitenciária Federal de Brasília desde esta sexta-feira (22/3) – leia mais abaixo.

    Fuminho, foragido da Justiça paulista desde janeiro de 1999, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Ceará em 17 de agosto de 2018. Foi apontado como mentor das mortes de Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza, o Paca, dois homens da cúpula da facção, executados em uma emboscada no dia 18 de fevereiro do ano passado, em Fortaleza.

    O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), do MP de Presidente Prudente, responsável pelas investigações da liderança do PCC, apurou que antes das mortes de Gegê e de Paca, Fuminho exportava cerca de uma tonelada de cocaína por mês para a Europa.

    O site da Polícia Civil de São Paulo exibe nomes e fotos de 21 criminosos considerados os mais procurados do Estado. O nome de Fuminho não aparece na galeria dos foragidos. No site da Interpol, a situação é mais inusitada porque o nome de Felipe Ramos Morais, 31 anos, também envolvido nas mortes de Gegê e Paca, continua inserido no alerta vermelho, mesmo ele tendo sido preso em maio de 2018, há quase um ano, em Goiás.

    O nome de Morais está ao lado de Carlenilto Pereira Maltas, 40 anos, e Tiago Lourenço Sá de Lima, 32 anos, Rento Oliveira, 28 anos, e Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, 46 anos, todos também denunciados pelos assassinatos dos dois líderes do PCC na capital cearense. Já o nome e a foto de Gilberto Aparecido dos Santos, não estão entre os 111 brasileiros procurados pela Interpol.

    Fuminho estaria envolvido em uma das possíveis motivações para o assassinato do ex-PM Gilson Terra, no dia 7 de março. Acusado de ter ligações com o braço direito de Marcola, Terra teria recebido um carregamento de drogas e, ao revender o mesmo entorpecente, o ex-PM teria “batizado” a droga, que perdeu grau de pureza, o que causou a ira do PCC e de Fuminho.

    Novas transferências

    Segundo o Gaeco, a transferência de Marcola para presídio federal não impediu Fuminho de continuar gerenciando os negócios ilícitos do líder máximo do PCC. “Ele (Fuminho) deve estar na Bolívia ou na Colômbia. Ainda é o braço direito de Marcola e cuida de todos os negócios dele, inclusive da lavagem de dinheiro”, disse um promotor de Justiça em entrevista à Ponte, sob condição de anonimato.

    Marcola foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho no dia 13 de fevereiro deste ano. Porém, nesta quinta-feira (21/3), o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) decidiu remover o preso para a Penitenciária Federal de Brasília.

    A Justiça Federal de Porto Velho informou ontem à Ponte Jornalismo que as remoções são rotineiras e ocorrem para evitar que o preso crie qualquer tipo de vínculo no presídio. Marcola agora vai ficar por um tempo mais perto de seu irmão, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, preso desde o mês passado na Penitenciária Federal de Brasília.

    Além de Marcola, outros três integrantes da cúpula da facção passaram a ocupar celas em Brasília: Cláudio Bárbara da Silva, o Barbará; Patric Velinton Salomão, o Forjado; e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal.

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