Sete pessoas morrem em operação policial na Rocinha (RJ)

    É o segundo tiroteio na comunidade em uma semana; PM alega que foi atacada, mas, nas redes sociais, moradores afirmam que pessoas rendidas teriam sido mortas

    Foto: Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

    Moradores da Rocinha foram acordados por volta das 6h deste sábado com barulho de tiros. De acordo com a PM, policiais militares Batalhão de Choque (BPChq) entraram na comunidade para busca e captura de suspeitos ligados ao tráfico de drogas no local. Foram apreendidos um fuzil AK-47, seis pistolas e duas granadas. De acordo com o jornal Extra, pelo menos uma pessoa foi presa. É o segundo tiroteio na semana no local. Na quarta-feira (21/3), um policial militar e um morador haviam morrido durante outro confronto entre policiais e traficantes.

    Os baleados chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital Miguel Couto, mas não resistiram. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios. O suposto confronto aconteceu na rua 2, em uma região da Rocinha conhecida como “Roupa Suja”.

    Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o Batalhão de Choque foi surpreendido por pessoas armadas e teve de reagir. Nas redes sociais, nas páginas como “Favela da Rocinha” e “Rocinha Alerta”, moradores afirmam que as vítimas se renderam, mas, ainda assim, foram executados pelos policiais. Também informam que mais dois suspeitos atingidos por balas conseguiram fugir a pé pela mata, escapando do cerco. A PM não comentou as denúncias.

    Na página “Rocinha em foco”, moradores contam que parte da favela ainda está sem energia e sem internet. Em uma postagem, uma moradora compartilhou o aviso de tiroteio e escreveu “Meu bom dia foi assim. E sigo sem luz e sem poder sair de casa”. A Light, concessionária de energia, informou que, diante da insegurança, não pode enviar técnicos para restabelecer o fornecimento.

    O ativista Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, de mídia independente, usou seu perfil para denunciar abusos policiais. “Recebemos várias informações de uma intensa operação esta na Rocinha, onde policiais estão violando o direito de moradores, destruindo casas e esculachando geral durante abordagens na rua”.

    A PM mantém patrulhamento reforçado na comunidade desde setembro de 2017, quando houve guerra entre facções para tomar o controle de venda de drogas na Rocinha. Para auxiliar as polícias, cerca de 1 mil agentes das Forças Armadas fizeram um cerco no local. Nenhum dos traficantes líderes do confronto foi preso, à época.

    Neste sábado, foi sepultado no Cemitério do Caju, no centro, o morador Antônio Ferreira, de 70 anos, conhecido como Marechal, vítima dos tiroteios provocados pelas operações policiais, na última quarta-feira. Na mesma ação, o PM Felipe Santos de Mesquita, de 28 anos, baleado no abdômen, também morreu. O soldado foi enterrado na sexta-feira (23/3), em Sulacap.

    *com informações da Agência Brasil

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