Sete suspeitos são mortos pela polícia na região de Campinas (SP)

    Polícia teria informações de que grupo pretendia roubar caixas eletrônicos e interceptou dois carros em estrada; no ano passado, ação semelhante deixou dez mortos na capital

    Foto: reprodução Google Maps

    Sete homens foram mortos na Estrada Municipal Dona Isabel Fragoso Ferrão, em Joaquim Egídio, distrito de Campinas, no interior de São Paulo, na noite desta quarta-feira (28/2), durante uma operação policial. Dois suspeitos estão foragidos. Os homens estavam em dois carros que foram interceptados por policiais militares na altura da Fazenda Santa Margharida. De acordo com a versão da PM, houve um intenso tiroteio.

    Nos carros foram encontrados um fuzil, três metralhadoras, quatro pistolas de 9mm e 45, duas espingardas, um revólver 38, coletes balísticos, material explosivo e detonadores. Os veículos — um Renault Captur e um Fiat Strada — teriam sido roubados.

    De acordo com o tenente-coronel da PM Maciel Resende, uma denúncia anônima teria levado os policiais até o local. “A informação dava conta de que uma quadrilha estaria se preparando para roubar caixas eletrônicos em Joanópolis. A partir disso, a inteligência policial conseguiu mais alguns elementos suficientes para indicar que o caminho provável seria esse, porque eles estariam evitando rodovias”, afirma.

    A polícia identificou cinco dos sete mortos e divulgou o que seriam os seus antecedentes criminais: Bruno Alves de Souza (ameaça de morte), Marcos Paulo Correia de Melo, Davirlan Tenório dos Santos (suspeito de ameaça), Ronaldo Antunes (porte ilegal de arma, uso de documento falso, fuga de prisão e roubo de carro) e Itamar Gomes de Lima (investigado por tentativa de homicídio).

    Outros casos

    Em setembro do ano passado, dez pessoas foram mortas por policiais civis do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), no Morumbi, zona sul de São Paulo. Segundo as investigações, os suspeitos mortos integravam uma quadrilha especializada em roubar casas de alto padrão.

    Na ocasião, a Ponte divulgou imagens que registram o momento em que um policial mostra as marcas de tiro que atingiram um dos carros do Garra durante a ação. “O bem venceu o mal mais uma vez, graças a Deus”, diz o policial. Pouco tempo depois, os agentes envolvidos na ação receberam homenagens do Conselho Comunitário de Segurança, o Conseg.

    Na época, sobre a operação, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também invocou Deus para manifestar seu apoio. “A polícia com esse trabalho de inteligência monitorou e fez a intervenção. Graças a Deus, nenhuma vítima foi atingida, nem policiais. Então, esse é o trabalho que tem que se feito, um trabalho de inteligência, para você tirar essas organizações criminosas, principalmente armadas com fuzil”.

    Outro episódio semelhante ocorreu em 5 de março de 2002, que ficou conhecido como Operação Castelinho, em referência à rodovia Senador José Ermírio de Moraes onde 12 pessoas supostamente ligadas ao PCC foram mortas. A versão oficial sustentada até o fim e aceita pela justiça é de que um ônibus com membros da facção seguia viagem e que, quando parados na praça de pedágio, um tiroteio começou. Pelo menos 53 policiais do Gradi (Grupo de Repressão e Análise de Delitos de Intolerância) estavam diretamente envolvidos na operação, duramente criticada pelo Ministério Público, que ofereceu denúncia à justiça com a justificativa de que havia sido uma emboscada. Na época, o MP acusou o Gradi de promover ações policiais espetaculares para tentar melhorar a imagem do governo do Estado de São Paulo. A justiça de São Paulo absolveu os acusados.

    Na época, Alckmin chegou a declarar que “em São Paulo, bandido tem dois destinos: prisão ou caixão”.

    Outro lado*

    A Ponte procurou a SSP por e-mail através da assessoria de imprensa privada CDN Comunicação, que enviou a seguinte nota: “O caso é investigado pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas. Com a quadrilha foram apreendidos fuzis, metralhadoras, pistolas, colete balístico e explosivos. Hoje pela manhã policiais militares capturaram outro suspeito. O homem está internado no Hospital das Clínicas de Campinas. O Setor de Inteligência do Comando de Policiamento do Interior – 2 (CPI-2) monitorava uma quadrilha especializada em roubo a bancos e a localizou, por volta de 21H30 horas de quarta-feira (28), na Estrada Municipal Dona Isabel Fragoso Ferrão, interior paulista. Os criminosos estavam fortemente armados em dois carros, não atenderam a ordem de parada e atiraram contra os policiais, que revidaram. Um dos veículos seguiu em fuga até nova troca de tiros. Sete homens foram atingidos e não resistiram”.

    *atualizado em 2/3, às 8h14

     

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