‘Somos a voz dele’, diz esposa de jovem negro condenado com base em amizade no Facebook

    Juliana Lopes, companheira de Fernando Henrique dos Santos, destaca apoio: ‘precisamos que outras pessoas também acreditem para conseguirmos tirá-lo de lá’

    Protesto questiona condenação com base em áudio de WhatsApp e amizade no Facebook | Foto: Jeniffer Estevam

    Amigos e familiares de Fernando Henrique dos Santos, 27 anos, saíram às ruas do Jardim São Luís, zona sul da cidade de São Paulo, neste sábado (17/10), para cobrar a inocência do homem na Justiça.

    Conforme revelado pela Ponte no dia 12 de outubro, o homem negro foi condenado a de 8 anos por roubar a empresa em que trabalhava. Uma das provas de sua participação no crime seria uma amizade no Facebook.

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    Juliana Lopes dos Santos, 27 anos, companheira de Fernando, contabilizou em torno de 60 pessoas no ato. Segundo ela, somente esta união possibilitará a revisão do caso pela Justiça.

    “Nos sentimos mais seguros, um protesto com organização sem explicação. Meu esposo não consegue falar lá dentro, onde está. Mal foi escutado na audiencia, não deixaram ele falar”, comenta a mulher.

    Alunos cobraram que a Justiça liberte Fernando Henrique | Foto: Jeniffer Estevam

    Era o dia 23 de janeiro quando policiais civis o prenderam por ter supostamente roubado a transportadora Golden Sat. A investigação o coloca como um dos criminosos por conta de um áudio de WhatsApp, em que sua voz teria sido reconhecida.

    Através da voz, os policiais encontraram Fernando na lista de amigos de um dos assaltantes no Facebook. As duas provas bastaram para que a Polícia Civil, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de São Paulo considerassem Fernando como culpado.

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    No dia 1º de setembro, a Justiça condenou Fernando a 8 anos de prisão em regime fechado. Ele cumpre pena no Centro de Detenção Provisória de São Bernardo do Campo (Grande SP).

    “Aqui estamos sendo a voz dele. O Fernando nos incentivou bastante”, afirma a companheira, à Ponte. “Precisamos que outras pessoas também acreditem [na inocência] para conseguirmos tirá-lo de lá [da prisão]”.

    O ato contou com organização da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, que acompanha o caso. O deputado Fernando Ferrari, do Psol, também acompanha o caso.

    Cerca de 60 pessoas compareceram ao ato | Foto: Jeniffer Estevam

    A Secretaria da Segurança Pública de SP afirma que “todas as circunstâncias relativas aos fatos foram investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo 3º Distrito Policial de São Caetano do Sul, já relatado ao Poder Judiciário em janeiro deste ano. Os envolvidos na ação foram presos”.

    O Ministério Público informou que a manifestação do promotor Newton José de Oliveira Dantas, responsável pela denúncia, “já está nos autos”. E o Tribunal de Justiça declarou que o juiz Pedro Corrêa Liao não pode emitir nota sobre o caso.

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