Violência doméstica aumenta na pandemia e a Ponte vai contar essas histórias

    Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que feminicídios aumentaram 22,2%; se você é vítima de violência ou conhece alguém, conte para a gente

    Em abril, no segundo mês do isolamento imposto pela pandemia do coronavírus, a Ponte já observava e denunciava o aumento expressivo da violência contra a mulher, em especial aquela ocorrida no ambiente familiar.

    Em São Paulo, por exemplo, um levantamento do Núcleo de Gênero do Ministério Público Estadual indicava, em 15 de abril, que o número de medidas protetivas tinha aumentado 29% em março na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, as prisões em flagrante pelo descumprimento dessas medidas tinha crescido 51%.

    Ouça também: PonteCast | Violência contra mulher: efeito colateral da pandemia

    No dia 10 de maio, em artigo também publicado por nós, a cientista social e deputada estadual (Psol-RJ) Dani Monteiro chamou a atenção para o mesmo tema citando um estudo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, da sigla em inglês), que projetou que as medidas de isolamento nos levarão a um aumento médio de cerca de 20% dos casos de violência doméstica em todo o mundo, a cada três meses em que ficarmos em casa. Globalmente, serão mais de 15 milhões de casos de violência por parceiro íntimo em 2020.

    Nesta semana, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou um levantamento que indica, como previsto, o aumento da violência contra a mulher pelo país. O estudo traz dados de 12 estados e aponta, por exemplo, aumento de 22,2% de casos feminicídio no bimestre março-abril, já com as medidas de distanciamento social em voga.

    Já os registros de violência doméstica caíram em praticamente todos os estados. Houve, em média, queda de 25,5% nas denúncias de lesão corporal em decorrência de violência doméstica na comparação com o ano passado, segundo o Fórum, número muito próximo ao padrão verificado em outros país, como Itália e Estados Unidos, onde as mulheres encontraram mais dificuldades para se deslocar às delegacias.

    As ligações para o 180, no entanto, apresentaram crescimento de 17,9% em março na comparação com o mesmo mês de 2019, segundo o levantamento. “Em abril de 2020, período em que a quarentena já vigorava em todos os estados, a procura pelo serviço foi 37,6% maior do que no mesmo período do ano passado. No caso do 190, serviço de atendimento da Polícia Militar nos estados, houve aumento em São Paulo de 6.775 denúncias de violência contra a mulher em março do ano passado para 9.817 em março desse ano. Nos meses de março e abril de 2019, o Acre registrou 752 ligações pelo 190 contra 920 em 2020; no Rio, saltou de 15.386 para 15.920 no período”, aponta o estudo.

    A Ponte decidiu levantar histórias de mulheres que sofreram alguma forma de violência doméstica durante o período da quarentena. O objetivo é colaborar com o monitoramento dos casos de violência doméstica no Brasil, no contexto da Covid-19.

    O levantamento é feito através do preenchimento de um pequeno formulário, cujas respostas são dadas por meio de um questionário fechado. Ao final, a mulher pode deixar seu número de Whatsapp para que alguma jornalista entre em contato. Em todo o processo, será mantido o anonimato necessário para a proteção das vidas das mulheres. Se você preferir, pode também procurar os canais da Ponte: [email protected] ou nosso Twitter @pontejornalismo. 

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas