Frase escrita foi tão profunda que pode deixar marcas permanentes no rosto de Ruan Rocha: ‘Na realidade, foi feito uma tortura’, disse diretor da clínica onde jovem estava se tratando
Um ano e um mês após ter iniciado o processo de remoção da tatuagem feita à força em sua testa, Ruan Rocha, 18 anos, ainda sofre com as dores impostas pelas sessões de laser e pela indefinição sobre se sua pele deixará de estar marcada. A tortura cometida pelo tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis e pelo pedreiro Ronildo Moreira de Araújo, em maio de 2017, foi tão profunda que pode deixar marcas permanentes no rosto do jovem. Ruan está internado para se recuperar da dependência química e quer recomeçar a vida.
Maycon e Ronildo fizeram a tatuagem como forma de vingança depois que Ruan supostamente tentou furtar uma bicicleta na Grande São Paulo. Em fevereiro deste ano, a Justiça de São Paulo condenou o tatuador a 3 anos, 4 meses e 15 dias de prisão e o pedreiro a 3 anos 9 meses e 7 dias por lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal.
Se antes o previsto era de que os dizeres “Eu sou ladrão e vacilão” sairiam por completo entre oito e dez sessões, hoje, o prazo está sendo recalculado e já se considera um tempo maior para a solução, isso se ela acontecer. A série de sessões de remoção foi cedida gratuitamente por um estúdio de tatuagem de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Segundo os responsáveis pela clínica de reabilitação que atende Ruan desde o início, quando a tatuagem é um traço artístico é mais fácil de ser removida. Um rabisco passa a ser mais difícil de ser removido, pelo fato de ter sido feito de qualquer jeito, no caso de Ruan com emprego de muita força motivada pela raiva no momento do ato. O especialista que trabalha na remoção da tatuagem foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar.
“A tatuagem está muito difícil de sair, pois na realidade foi feito uma tortura. O normal é uma tatuagem atingir só a primeira camada da pele. Ali foi mais a fundo. Eles apertaram muito o aparelho da tatuagem na testa do Ruan. Vamos fazer este mês a nona sessão de remoção da tatuagem. Acredito que ainda leve uns seis meses para sair totalmente”, disse Sérgio Castillo, diretor terapêutico da clínica Grand House.
Logo após seu caso ter ganhado as manchetes de diversos jornais pela forma como Ruan foi agredido, ele foi internado na clínica Grand House, em Mariporã, na Grande São Paulo. No entanto, há cerca de um mês o jovem recebe acompanhamento em outro local, agora em uma clínica em Extrema, cidade no estado de Minas Gerais, na divisa com São Paulo.
A justificativa para a mudança é de que Ruan precisa respirar novos ares, já que estava há cerca de um ano no local anterior. Os cuidados médicos e psicológicos continuam a ser ministrados pela mesma equipe que o atendia em São Paulo e com a qual o jovem já adquiriu laços. Em março deste ano, após uma saída consentida da clínica Ruan foi detido suspeito de furtar tubos de desodorante em um mercadinho daquela região.
Sobre a situação atual do filho, Vânia Rocha se mostra chateada, mas esperançosa em um final feliz o quanto antes. “É muito ruim. Isso não é bom. É ruim porque não está saindo. Como vai ficar? Vou ver o que pode fazer. Ficar assim não pode”, disse à Ponte.
Mesmo com a tratamento doloroso mês a mês, Vânia afirmou que o filho está bem de saúde e que quer voltar a estudar. “O Ruan está bem. Está bonito. Está gordo. Vou mandar para onde ele está o histórico escolar, porque ele quer estudar. Eu vou estar sempre do lado dele. Ele caindo ou se levantando, eu vou sempre estar dando uma força. Se a gente que é mãe vira as costas, o mundo abraça. E se o mundo abraçar é pior”, completa.