Testemunha da morte de Luan denuncia ameaça de PM à Corregedoria

    Luan Gabriel Nogueira de Souza, 14 anos, morreu ao ser atingido no pescoço, no dia 5/11. Em depoimento, policial militar Alécio José de Souza confirmou ter dado três tiros

    Ação dos cabos Alécio José de Souza e Adilson Antônio Senna de Oliveira terminou com a morte de Luan Gabriel Nogueira de Souza | Foto: Arthur Stabile/Ponte

    A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo ouviu na sexta-feira (10/11) testemunhas e os policiais militares envolvidos na ação que acabou com a morte de Luan Gabriel Nogueira de Souza, 14 anos. O garoto morreu no dia 5/11, em Santo André, Grande São Paulo.

    Cinco testemunhas deram suas versões da abordagem: três jovens que estavam com Luan, seu irmão mais velho e sua mãe. Os cabos Alécio José de Souza, que efetuou os disparos, e Adilson Antônio Senna de Oliveira foram afastados para serviços administrativos no 10º BPM, onde atuam.

    Segundo os jovens que estavam no local, os policiais chegaram aos gritos de “perdeu” e De Souza disparou contra o grupo, que tentou fugir. Ao correr, o garoto de 14 anos foi atingido. Em relato ao coronel Marcelino Fernandes, corregedor geral da PM, um dos jovens denunciou ter sido ameaçado por De Oliveira de ser “zoado” caso acussassem os policiais pela morte de Luan.

    Segundo os PMs, eles buscavam suspeitos de furto de moto quando encontraram o veículo com um grupo de jovens. Ainda de acordo com a versão dos cabos, um membro do grupo, “de cor parda, 1,70 m de altura, magro, aparentando 20 anos e de bermuda”, sacou um revólver calibre 38 e atirou. Nenhum dos jovens a depor na Corregedoria reconheceu um integrante com tal descrição no dia da abordagem.

    Enterro do garoto, de 14 anos, foi acompanhado por cerca de 200 pessoas | Foto: Arthur Stabile/Ponte

    Em seu depoimento, Alécio José de Souza reconheceu ter dado três tiros com sua arma, de calibre .40. Dois cartuchos de calibre .40, de uso exclusivo da PM paulista, foram apreendidos no local. O resultado do laudo necroscópico apontará se a bala que atingiu Luan era ou não do mesmo calibre.

    Mais testemunhas da morte serão ouvidas nesta semana pelo 2º DP de Santo André nesta semana e na Corregedoria da PM.

    Familiares e amigos realizarão uma manifestação na Viela 7, próximo da Rua Parauna, em Santo André, onde Luan Gabriel morreu. No mesmo dia acontecerá a missa de sétimo dia, na Paróquia São João Batista, também na cidade do ABC Paulista.

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