Piauí presenciou quando o policial atirou contra Ricardo Silva Nascimento e estava muito abalado por causa da morte do amigo
Morreu nesta quinta-feira (20) o carroceiro Gilvan Artur Leal, conhecido como Piauí, de 52 anos, amigo e testemunha-chave do assassinato de Ricardo Silva Nascimento, na semana passada. O carroceiro sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) um dia depois de dar entrada no Pronto Socorro Central da Santa Casa de SP relatando desmaios, tontura e vômitos.
No dia do crime contra Ricardo, Piauí apareceu em uma filmagem chorando e contando que viu os policiais militares atirando contra o amigo, que ainda teria chamado o nome dele antes de morrer. Segundo o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, o carroceiro foi agredido por PMs no dia do crime.
Em publicação nas redes sociais, Lancellotti ainda afirma que no dia seguinte da morte de Ricardo, Piauí foi levado ao Pronto Socorro da Lapa com dores na mão. O padre conta que “no hospital, cada vez que chamavam seu nome para a triagem, para a consulta com o ortopedista e para o raio-x, ele respondia gritando: ‘morreu’”.
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Ainda de acordo com Lancellotti, desde a morte do amigo, Piauí estava “muito abalado, chorava e relatava estar com medo das ameaças que tinha sofrido da polícia”. Segundo o padre, na sexta-feira o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Pinheiros conseguiu uma vaga para Piauí em um abrigo que aceitava o Barbinha, cachorro dele.
O carroceiro não compareceu à missa de sétimo dia do amigo Ricardo, que aconteceu na quarta-feira (19), porque, segundo a assistente social, ele estava muito abalado e era melhor não saber do evento. Por uma triste ironia, a morte do parceiro de Ricardo aconteceu na data em que é celebrado o Dia do Amigo.