Líderes do grupo foram mortos em emboscada no Ceará dia 15 de fevereiro; investigações apontam que a própria facção ordenou as execuções
O traficante de drogas e assaltante de bancos José Adinaldo Moura, o Nado, 39 anos, está desaparecido desde a última sexta-feira (23/2). Ele sumiu um dia após o assassinato de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, 32 anos, morto com tiros de fuzil no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Ambos eram da mesma quadrilha, que tinha como base a Baixada Santista.
Segundo a Polícia Civil do Ceará, Cabelo Duro participou do assassinato de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza, o Paca, no dia 16 deste mês, em uma aldeia indígena na região metropolitana de Fortaleza.
Gegê do Mangue e Paca, dois homens da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), foram vistos pela última vez embarcando em um helicóptero na praia do Futuro, em Fortaleza. Poucas horas depois, os corpos de ambos foram encontrados.
Policiais cearenses sabem que estavam no helicóptero o piloto Felipe Ramos Morais, 31 anos, e Cabelo Duro. Eles tiveram a prisão temporária decretada por causa do duplo assassinato. O piloto ficou de se entregar nesta segunda-feira (26/2) à polícia.
O MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo acredita que Cabelo Duro participou do assassinato de Gegê do Mangue e de Paca a mando do PCC e foi morto pela própria facção, seis dias depois, como queima de arquivo.
Tanto o MPE quanto a Polícia Civil de São Paulo garantem que Nado teve o mesmo fim de Cabelo Duro e pelo mesmo motivo. Promotores de Justiça e policiais civis têm informações de que Nado está morto. Porém, até agora, ninguém sabe onde está o corpo dele.
Na Baixada Santista, há rumores de que, além de Nado, também foram assassinados outros integrantes da mesma quadrilha. Os mortos seriam Andrezinho do Itapema, Rick e Neguinho do Santo Antônio. A Polícia Civil não confirma nem desmente essa informação.
Na Baixada Santista, os comentários são de que Cabelo Duro não foi morto pelo PCC por queima de arquivo. O assassinato teria sido motivado porque ele e seus parceiros não sumiram com os corpos de Gegê do Mangue e de Paca. A orientação passada a Cabelo Duro era para dar fim aos cadáveres e não deixar nenhum rastro, nenhuma pista.
A ordem dada a Cabelo Duro e seus parceiros era para incendiar os cadáveres com gasolina. Porém, eles decidiram não sumir com os corpos para que as famílias das vítimas pudessem velá-los e enterrá-los dignamente. Por conta da desobediência, Cabelo Duro acabou executado com vários tiros de fuzil e metralhadora.
O apelido de Cabelo Duro apareceu em um bilhete apreendido domingo retrasado, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no fim do horário de visita. A P2 abriga a liderança do PCC. Na mensagem consta que Cabelo Duro teria informado os presos da P2 de Venceslau que Gegê e Paca foram mortos porque teriam desviado dinheiro da facção criminosa.
Cabelo Duro era um dos mais importantes integrantes do Primeiro Comando da Capital na Baixada Santista. Nado sempre teve o mesmo prestígio no mundo do crime. Ele era ligado à quadrilha do PCC responsável pelo furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005.
Em setembro de 2006, Nado foi preso durante a Operação Facção Toupeira, deflagrada pela Polícia Federal do Rio Grande do Sul. Ele e ao menos outros 38 assaltantes iriam realizar outra ação ousada: furtar de uma só vez todo o dinheiro dos cofres das agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal de Porto Alegre.
A quadrilha havia comprado um prédio no centro da cidade. A partir do edifício, eles construíram um túnel de 85 metros de extensão. O buraco levava às tesourarias das duas instituições financeiras. O plano não deu certo porque no furto ao Banco Central de Fortaleza, um dos assaltantes deixou cair um cartão de telefone pré-pago.
O número foi rastreado e os telefones da quadrilha foram monitorados pela PF. Parte do bando acabou presa em Porto Alegre e o restante em outros estados, entre eles São Paulo. Nado foi indiciado por formação de quadrilha e tentativa de furto, mas ficou pouco tempo preso na Penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul.