Cursos de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas adotarão ainda neste ano um sistema de cotas étnico-raciais
O cursos de pós-graduação da área de Ciência Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, adotarão ainda neste ano um sistema de cotas étnico-raciais. A reserva de cotas, inédita na Unicamp, foi aprovada após uma mobilização da Frente Pró-Cotas e do Núcleo de Consciência Negra da universidade.
“Conseguimos apoios das três categorias da universidade, alunos, funcionários e professores. Levamos, no ano passado, a discussão para a Congregação, que é a instância máxima decisória do Instituto (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH), que aprovou um grupo de trabalho para debater a aplicação das cotas na pós”, conta Rodrigo Ribeiro, da Frente Pró-Cotas da Unicamp. Na semana passada, integrantes dos movimentos, alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação voltaram à Congregação e conseguiram a aprovação das cotas, que independe da reitoria, já que cada instituto da Universidade tem autonomia para decidir sobre seus processos seletivos de pós-graduação.
A proposta dos movimentos é que os programas IFCH determinem um adicional de vagas mínimo de 25% para pessoas negras; um adicional de no mínimo uma vaga no mestrado e de uma vaga no doutorado para pessoas com deficiência física; adicional de vagas para indígenas de no mínimo uma vaga no mestrado e de uma vaga no doutorado.
O modelo de adoção do sistema de cotas, no entanto, ainda não está definido, por conta da autonomia que os institutos têm sobre seus processos seletivos na pós. “O que foi aprovado é o princípio das cotas. Ou seja, foi decidido que todos os cursos de pós do Instituto (IFCH) deverão aplicar cotas ainda este ano”, explica Ribeiro que a partir desta semana fará reuniões com os departamentos dos cursos para debater a proposta.
A Frente também pretende ampliar o debate da adoção de cotas para outros cursos de pós-gradução e de graduação.
A Unicamp ainda não havia adotado o sistema de reserva de cotas e se utiliza de duas formas de ação afirmativa: o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (Profis) e o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS) que fazem uma seleção de acordo com o desempenho do Enem ou adicionando pontos à nota do vestibular. Mas a Frente alega que o Profis destina um número restrito de vagas nos cursos da universidade. Segundo o movimento, nos cursos de maior procura aluno/vaga no vestibular de 2014, como medicina, cuja concorrência é de 145,4 por vaga, e arquitetura e urbanismo, 104,5 por vaga, o programa destinou cinco e três vagas, respectivamente.
A Reitoria da Unicamp foi procurada na quinta-feira (12/03) para falar sobre a adoção das cotas, mas informou por e-mail “que o assunto tramita internamente no IFCH e ainda não foi encaminhado às instâncias superiores da Universidade, razão pela qual a reitoria não pode, nesse momento, fazer uma avaliação do caso.”
[…] Por Claudia Belfort, do Ponte […]