Manifestantes querem impedir que Congresso interfira em decisão do Supremo Tribunal Federal de descriminalizar o aborto nos três primeiros meses de gestação
Por aborto legal, seguro e gratuito, cerca de 300 pessoas, a maioria mulher, se reuniram na noite da última quinta-feira (8) em ato que saiu do Masp, na avenida Paulista, às 19h, caminhou pela rua Augusta e finalizou na praça Roosevelt, na região central de São Paulo.
O principal pedido da manifestação foi para que o Congresso Nacional não interfira na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de descriminalizar o aborto nos três primeiros meses de gestação, conforme explicou a integrante do coletivo Vamos à Luta, Priscila Guedes, de 27 anos.
“Quando o STF deu um passo importante na nossa luta pela legalização do aborto, porque a gente sabe que não considerar crime não é o suficiente, mas é um passo importante, a reação do Rodrigo Maia e do Congresso de propor uma PEC, uma votação, para criminalizar e reverter uma decisão do STF é muito dura, por isso é muito importante que tenha essa resistência e que a luta das mulheres continue viva”.
Para a estudante Mariana Vieira, 17, o abordo ainda não foi legalizado e o assunto é um tabu devido à “bancada religiosa que nosso país tem como representante”.
A vereadora eleita na cidade de São Paulo Sâmia Bomfim (PSOL), que também esteve presente no ato, destacou a quantidade e disposição das mulheres presentes, pois, segundo ela, com o final de ano e o desgaste político, os movimentos estão com dificuldade para articular grandes manifestações.
Sâmia ainda ressaltou que o ato foi importante para iniciar uma discussão entre as pessoas nas ruas que viram as mulheres “falando muito abertamente de temas que são tabus na sociedade, como direito ao aborto, sexualidade, opção da mulher não ser mãe caso ela não queira“.
Quando a manifestação das mulheres caminhava para entrar na rua Augusta, encontrou um outro que manifestava contra a PEC 55 e por mais investimentos na saúde pública.
“A gente sempre busca a unificação das pautas, então vimos que teria esse outro ato, e programamos para unificar, porque sabemos que nossos inimigos são os mesmos“, disse Francisco Mogadouro, 35, do Fórum Popular da Saúde.
Com pouco policiamento, o ato não teve nenhum problema com os manifestantes. No entanto, o 2° Tenente da PM Seleghim disse a uma vendedora ambulante, que gritava para vender suas bebidas, para ela “parar de tumultuar senão vai perder tudo“, e ainda explicou que já tava deixando ela vender, mas não era para ficar gritando. Em resposta, a vendedora disse que “se conseguisse outro emprego não estaria fazendo isso“.
O ato acabou por volta das 21h com algumas lideranças de movimentos falando sobre a continuidade da luta e, em seguida, gritando palavras de ordem contra a PEC 55 e pela legalização do aborto.
Veja mais fotos da manifestação: